Vou começar pelos “finalmente” para depois debruçar nos “primeiramente” da grande questão do momento na Guiné, que são as “marchas populares” mas isso será lá mais para o princípio do fim deste artigo.
Os finalmente: então o primeiro-ministro cabo-verdiano cancela uma visita oficial para à Guiné-Bissau, por um motivo descabido que é o facto do presidente da república Malam Bacai Sanha estar ausente do país. Espera lá! Mas então, o homólogo do PM das ilhas do atlântico, o PM guineense Carlos Gomes não é a pessoa que o iria receber, e que tem por obrigação acompanhar este tipo de visita?.
Por estas e por outras, que sempre achei um pouco ousado e com um grau de interferência descomunal, os “bitaites” do PM José Maria Neves, sobre os assuntos internos guineense. Então logo agora que era preciso e fundamental mostrar solidariedade, coragem e coerência, o homem foge como o “diabo da cruz”? Será que teve medo de ir à Guine? Cancela uma visita por um motivo parvo, e injustificável acima de tudo. “Motivos de segurança?!” vão gozar outro, homem.
É por isso que continuo a achar que falar e criticar assuntos relacionados com a situação política guineense, é fácil. E prejudicam a imagem do país. Já dizia o outro “todos acham que têm uma opinião a dar sobre a Guiné-Bissau, o que só aumenta a falta de confiança da comunidade internacional nas instituições internas”. Porque no momento de mostrar, até que ponto se está realmente empenhado e determinado em ajudar a resolver esses problemas, os cobardes dão o “froche” (fogem)! Fica por isso registado este default do José Maria Neves, com relação à Guiné-Bissau.
E agora vamos lá ao “primeiramente”: a “marcha popular” convocada por cerca de uma dezena de partidos da oposição guineense (os números são contraditórios, uns dizem 10 já escutei 13, outros dizem 15, não se sabe um número exato de partidos que aderiram a marcha) confirma definitivamente que alguns políticos guineense davam mais para o Circo do que para a política. Entre um ilusionismo primário e uma falta clara de sentido de oportunidade, a marcha de hoje foi sem dúvida uma grande fraude.
Fica por saber, o porquê desta onda frenética de “marchas”?
Ela é falsa! Porque se fosse verdadeira, seria organizado no dia 14 de Julho de 2009, ano em que não só ocorreram os crimes, mas fundamentalmente, o ano em que as afirmações do então CEMFA José Zamora Induta, foram proferidas. Se realmente fosse uma marcha genuína, tenho a certeza que o numero de participantes não se resumiria aos parcos centenas de guineenses incautos que foram na cantiga. Se tivesse havido, coragem, seriedade e sentido de oportunidade, esta marcha seria organizada na altura certa sendo um sucesso, contando com os milhares que imaginariamente alguns pintaram a aderência de hoje. Claro que 15 mil participantes, noticiado pelo colega António Aly (blog - ditadura do consenso), não passam duma ditadura do delírio!
Esta marcha foi absurda! Porque foi uma amostra dos efeitos da falta de ideias criativas e construtivas, há um ano das eleições, duma oposição guineense, encabeçada pelo PRS, que afinal desde de 2009, tem andado a dormir. Lembro-me que no ano passado, estava eu em Bissau e o mesmo vice-presidente Ibraima Sori Djaló, fizera as mesmas acusações, pedindo a demissão do PM Carlos Gomes Júnior, pelos assassinatos de março e junho de 2009, mas provas que é bom, nada! Leu bem, PROVAS! Ancorada às afirmações públicas do Zamora Induta e sem dados novos, o filme repete-se este ano. Embora o guionista das trapalhadas políticas da nossa realidade, tenha escolhido uma “marcha” desta vez, para tentar criar mais suspense no enredo e tentar captar mais atenção. E impressionar o presidente Malam Bacai Sanha.
Inconsequente: foi aquela tentativa de imitação (angolano) de contra-marcha convocada para o dia 12 de julho, terça-feira, pelo partido no poder PAIGC. Não sei quem teve essa ideia estapafúrdia e com falta de sentido de oportunidade. Para não estar só a criticar sem apresentar propostas, sugiro o seguinte: o PAIGC, devia convocar todos os militantes e simpatizantes do partido, para que ocupassem e se mantivessem sentados nos passeios que estão em frente à sede do próprio partido, os passeios em frente do palácio devoluto e aquela em frente a antiga primatura (atual Palácio da Cultura) e que ao passar à “marcha” todos se levantassem e batessem palmas, isso porque os espectadores estariam na primeira fila e com uma oportunidade impar, para assistir ao vivo e a cores as manifestações inequívocas de hipocrisia, falsidade e oportunismo, como nunca se viu, na sociedade guineense.
As situações de violência política com que padece a realidade guineense, faz ganhar a conotação negativa que se tem criado do país. Mas pior é tentar carnavalizar essa violência, e estimular com impulsos negativos uma crise política neste momento inapropriado, esta marcha foi sem sombras para dúvidas, uma expressão da pura estupidez que graça a forma de fazer política na Guiné.
O leitor pode ter a certeza de uma coisa: se definitivamente se conseguir transformar a Guiné-Bissau num Circo, vou-me candidatar para domador de leões, porque com o ecoar do estalo do chicote, poderei assustar alguma insanidade de alguns leãozinhos que insistem em testar a paciência do comum guineense.
O leitor pode ter a certeza de uma coisa: se definitivamente se conseguir transformar a Guiné-Bissau num Circo, vou-me candidatar para domador de leões, porque com o ecoar do estalo do chicote, poderei assustar alguma insanidade de alguns leãozinhos que insistem em testar a paciência do comum guineense.