Alegados narcotraficantes detidos nos EUA
valiam-se de ligações a Governo da Guiné-Bissau
Fonte: O MIRANTE
Dois dos
alegados narcotraficantes guineenses detidos nos Estados Unidos valiam-se de
ligações ao Governo e presidência da Guiné-Bissau e, refere a acusação,
mostraram aos agentes infiltrados norte-americanos documentos alegadamente
assinados pelo primeiro-ministro.
Segundo a
acusação da procuradoria federal do distrito de Manhattan visando Manuel
Mamadi Mané, também conhecido por “Quecuto”, e do seu associado Saliu Sisse,
também conhecido por “Serifo”, ambos referiram em dezenas de reuniões com
dois agentes infiltrados norte-americanos que o primeiro-ministro (Rui
Barros) e até o Presidente (Serifo Nhamadjo) dariam cobertura à operação de
tráfico de droga e armas.
Os dois
acusados foram detidos na semana passada, juntamente com o almirante
guineense Bubo Na Tchuto e, segundo disse à Lusa fonte da procuradoria, serão
presentes ao juiz hoje, para ouvir a acusação. Nas
reuniões com dois alegados representantes ou associados das Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia (FARC), que eram na realidade fontes
confidenciais do Departamento Anti-Narcotráfico norte-americano (DEA),
“Quecuto” e “Serifo” aceitaram trabalhar com os agentes para distribuir droga
através da Guiné-Bissau e fornecer armas, incluindo mísseis terra-ar, para
ser usados contra as forças norte-americanas na Colômbia.
Metade
das armas importadas pelas Forças Armadas guineenses iria para as FARC, a
outra metade ficaria com os militares da Guiné-Bissau. Depois de
uma reunião em Junho de 2012, no Brasil, entre os colaboradores dos dois
narcotraficantes, os agentes norte-americanos deslocam-se a Bissau, onde, a
30 de Junho, “Serifo”, “Quecuto” e um dos seus operacionais terão referido a
“necessidade de envolver responsáveis do Governo da Guiné-Bissau” na
operação. Os dois
alegados narcotraficantes concordaram em apoiar a distribuição de cocaína das
FARC, facilitando o envio da cocaína para a Guiné-Bissau num carregamento de
uniformes militares, e criando uma empresa de fachada para exportar a droga
para os Estados Unidos.
No mesmo
dia, os dois alegados narcotraficantes “informaram que os responsáveis do
Governo na Guiné-Bissau reteriam uma percentagem da cocaína enviada” e mais
tarde “Serifo” informa os agentes que “por este serviço, os responsáveis do
Governo guineense esperariam, como comissão, 13 por cento da cocaína enviada”
para o país, refere a acusação. Numa
outra reunião na mesma altura, um dos operacionais dos dois alegados
narcotraficantes afirma que a operação irá passar por si próprio “e pelo
Governo da Guiné-Bissau”.
“É
através de mim que conseguem fazer isso… é através do Governo e eu sou o
único intermediário”, disse o operacional, citado pela acusação. Acertados
os detalhes da operação, o mesmo operacional referiu que, dois dias depois,
iria “discutir o plano com o Presidente da Guiné-Bissau”. No
próprio dia, “Quecuto” informa os agentes norte-americanos da necessidade de
um pagamento de 20 mil euros, para atestar da “seriedade” dos alegados
membros das FARC e para “começar a negociar sob protecção do Governo
guineense”. Posteriormente,
os agentes norte-americanos são apresentados a um elemento das Forças Armadas
guineenses, incumbido de facilitar as operações no aeroporto, e, já a 03 de
Julho, a outro militar.
A 28
Agosto, “Quecuto” transmitiu aos agentes norte-americanos, por email, um
pedido de uniformes militares e outro equipamento, datado de 24 de Agosto, do
primeiro-ministro, e em Setembro afirma que ele próprio e outro operacional
falariam com o primeiro-ministro e Presidente sobre a encomenda de armas para
as FARC.
Em
Novembro, “Quecuto” e dois militares guineenses mostram a um dos agentes
norte-americanos “documentação do Governo relacionada com a compra de armas”.
Os dois
alegados narcotraficantes enfrentam acusações de narcoterrorismo, conspiração
para importar cocaína, para disponibilizar apoio material a uma organização
terrorista estrangeira e para adquirir e transferir mísseis antiaéreos.
Ordidjanotando
Muito pretérito
imperfeito, é Sacanagem...
Juntando
as duas notícias que marcaram o dia, esta que acompanha este post, do suposto envolvimento do PRT e PM no narcotráfico,
e as declarações bombásticas de Ramos Horta, enviado especial da ONU, tive a
leve sensação, que estamos a caminhar a passos largos para uma anexação da ONU,
ao estilo do Timor, e poucos dão conta. E por que não? Não sou contra, mas
que não se utilize jogo baixo para se atingir o propósito.
Todos sabem e, conhecemos bem as
pessoas que estão, estiveram e continuam estando envolvidos em negócios menos
claros na Guiné-Bissau. Enquanto guineense, vivendo em Lisboa no início dos anos
90, embora sendo tabu, conheciam-se os guineenses que participavam no narcotráfico,
ou melhor, tráfico de ”duto”, como popularmente era apelidado. Boom da
ostentação do envolvimento nesse negócio deu-se na segunda metade de 90. Com
a vaga de emigração guineense para Espanha, nomeadamente a capital, Madrid, os
conhecidos vulgarmente por “madrilenhus” eram os “caras” no verão de Lisboa, com
carros desportivos de alta cilindrada, controlavam os boates com mesas cheias
de whiski, os mais “concentrados” compravam casas a pronto etc, etc. Em menos
de dois anos, jovens acabados de chegar à Europa, apresentavam sinais exteriores
de riqueza, que costumávamos gozar, que – “ou tinham ganho o Totoloto ou estavam naquele negócio”. Conta-se
à dedo, os bissau-guineenses, que não tinham um irmão(a), primo(a), tio(a) amigo(a)
conhecido ou parente que não estivesse envolvido no negócio. Portando, não
era segredo pra ninguém a questão do envolvimento dos guineenses neste negócio.
Cantavam-se os mal feitos e
capturas dos agentes “Kaingas” que detinham os envolvidos, contavam-se
estórias dos que tinham sido assassinados pelos “turcos” e, os tantos que foram julgados, e condenados a prisão em Espanha e
Portugal. Quem não se lembra disso? Houve como em tudo na vida, estórias
tristes deste negócio, dos que também pela inocência e bondade eram apanhados
na malha, veio-me agora a memória a triste senda do Néné Dragão, um jovem
guineense, que foi jogador do Benfica de Portugal, e reza a estória que; depois
de umas férias passadas em Bissau, e devido aquela forma de ser guineense-bondoso,
caiu no engodo de transportar uma encomenda de um suposto amigo, e mal sabia
ele que estava a ser utilizado como mula. Isso lhe custou até, uns bons anos
de reclusão. Quem não se lembra deste episódio?
Mas dizia eu que, poucos são os guineenses
que terão a coragem de “atirar a primeira pedra” sobre a questão de
envolvimento de familiares e amigos nesse negócio.
Voltando ao caso de Bubu Na Tchuto & Companhia, e com base neste artigo, considero que está a ser arquitetada um suposto envolvimento do Presidente da República de Transição Serifo Nhamajo, e o Governo dirigido pelo Rui Barros, e isso é pura SACANAGEM.
Lembro-me como se fosse hoje,
quando em 2010, constou pela primeira vez na lista das autoridades
norte-americanas, os guineenses envolvidos no tráfico. Na altura, participava
num programa na Rádio Bombolom, que se chamava Radioscopia, produzido pelo companheiro
e amigo Tony Góia, e durante o debate, depois de termos escutado um registro
magnético (RM) em que o Bubu que era um dos implicados no narcotráfico, e constava
da lista dos americanos, jurava a pés juntos ser inocente e que nunca tinha
participado no negócio. Recordo-me de ter alertado os ouvintes do programa
com o seguinte: “atenção que normalmente
quando os americanos dizem que uma pessoa está envolvida em alguma coisa,
eles o fazem, com provas documentais, gravações de conversas telefônicas, fotos
e vídeos em que se vê a pessoa envolvida em atos comprometedores e mais, são
investigações que levam por vezes anos, e anos, salvo erro, enganaram-se
apenas na questão das bombas nucleares do Saddam Hussein do Iraque...portando
não são acusações de “bâs di pé di mango”...”
Mas hoje quando li este artigo, e li
algumas campanhas difamatórias, que se estão a orquestrar, para fuzilar o caráter
e a imagem dos que hoje governam a Guiné-Bissau, com suposições pífias como
estas passagens no artigo que dizem: “Acertados
os detalhes da operação, o mesmo operacional referiu que, dois dias depois, iria
“discutir o plano com o Presidente da Guiné-Bissau”, ou esta – “ambos referiram em
dezenas de reuniões com dois agentes infiltrados norte-americanos que o
primeiro-ministro (Rui Barros) e até o Presidente (Serifo Nhamadjo) dariam
cobertura à operação de tráfico de droga e armas.” – ou esta: “...refere
a acusação, mostraram aos agentes infiltrados norte-americanos
documentos alegadamente assinados pelo primeiro-ministro.”
Apetece
perguntar:
Porquê que, sabendo os investigadores
“infiltrados”destes pormenores, não conseguiram uma gravação, foto ou vídeo do
“operacional” com essas pessoas,(?) que dizem estarem implicadas(?) e só falaram
subliminarmente de supostos documentos que lhes foram “mostrados” com
assinatura do PM!? Será que
não conseguiram uma cópia ao menos desses documentos?
Porquê que, todas as citações sobre o
assunto, afirma apenas que os “operacionais” diziam que iriam falar com...que
daria cobertura de...(?) tudo em pretérito
imperfeito e não se mostram mais
provas? Ou os referidos “infiltrados”
eram de segunda categoria ou tudo não passa de uma enorme cabala, contra o
Estado guineense! E mais,
esta estória tem um quê de romantismo revolucionário, ou não fosse Bubu Na
Tchuto um antigo guerrilheiro que apóia outros guerrilheiros neste caso das
FARC.
Por estas
e por outras, e mais faltas de provas documentais, na minha opinião, esta
notícia e outras que de certeza seguirão, não passarão de acusações com muito pretérito imperfeito e sacanagem a mistura!!!
Fui... |