Rui Neumann
Por: Rui Neumann
Os
acontecimentos no Burquina Faso estão a provocar comichões em muitos dirigentes
africanos. Estará em curso uma «Primavera Africana»? Talvez sim, talvez não.
África nunca foi homogénea.
Relativamente
ao Burquina Faso quem neste momento deve estar a rir é Thomas Sankara, um jovem
militar que tentou revolucionar a governação no seu país. Depois de ter sido
lançado para o poder na sequência de um Golpe de Estado em 1983, Thomas Sankara
tornou-se ainda mais incómodo pela sua popularidade e visão política “afro-africana”.
O seu programa assentava no princípio do «anti-imperialismo» moderno… uma
grande chatice para uma França toxicodependente da Françafrica.
Em
Outubro de 1987 Blaise Campaoré arranca com um Golpe de Estado e Thomas Sankara
morre de «morte natural» após ter sido naturalmente assassinado pelos fiéis do
seu fiel amigo Campaoré, que naturalmente ocupou o lugar do defunto até… hoje.
Democraticamente
e naturalmente Blaise Campaoré tem sido cronicamente reeleito com percentagens
invejosas, tal como 80,5% em 2010. Mas o democrático Campaoré está agora em
maus lençóis, sentado numa cadeira injetável sem airbag nem paraquedas.
Que
Blaise Campaoré descole da cadeira do poder à qual está naturalmente agrafado,
não é grave… é óbvio. Complicado é que o Burquina Faso é um país chave no
combate ao terrorismo crescente no Sahel. Um ambiente de caos securitário no
Burquina será um delicioso biscoito para os grupos terroristas que passeiam na
região.
Ordidjanotando
O pequeno texto supra-publicado foi repiscado da página do facebook do colega
jornalista Rui Neumann...Foi escrito antes da divulgação da notícia que confirmou a renuncia ao poder do
trocidário Blaise Camporé.