segunda-feira, 20 de maio de 2013

Projetos de Investimento financiados pela China

Luis Vicente

Por: Luis Vicente


Sobre a recente notícia de disponibilização de cerca de 25 Mil Milhões de Dólares pela China aos Países da África e concretamente os PALOP´s. É sem dúvida uma excelente notícia para os beneficiários deste fundo. Porém, é necessário prudência quando se trata de Projetos de Investimento e de Desenvolvimento que têm como únicos interlocutores as empresas privadas.

Entendo que não se pode descurar a componente pública, através da capacitação institucional, uma vez que a definição dos objetivos estratégicos no plano nacional, regional e local, passará invariavelmente por este ator. No entanto, no que toca a essência do artigo, julgo que devemos olhar para esta questão numa perspetiva global e mais abrangente do ponto de vista das estratégias de desenvolvimento dos países com grande capacidade de crescimento, a lógica de mercado internacional e as oportunidades que oferecem.

Por exemplo, no que se refere à questão da globalização, o crescimento continuado dos fluxos de comércio internacional e dos movimentos de capital observado ao longo das últimas décadas, conjugado com a alteração do seu padrão de evolução no sentido de uma crescente diversidade e complexidade, evidencia a importância da dinâmica de globalização das economias e das sociedades e configura desafios e oportunidades determinantes para os países africanos, mais concretamente os de língua portuguesa especialmente tendo em conta as suas consequências estruturais em termos de concorrência internacional nas dimensões correspondentes aos fluxos comerciais, de capitais, de pessoas e de informação. Os principais efeitos desta dinâmica ocorrem em termos geoestratégicos (marcados pelo papel que neste contexto vem sendo desempenhado pelas economias norte-americana e europeia e pelas posições crescentemente importantes de economias asiáticas e sul-americanas) e sectoriais (com relevo para a competição pelo fator preço, em atividades com maior intensidade de utilização do fator trabalho, nomeadamente em domínios de menor valor acrescentado e menos exigentes em qualificações). A questão das qualificações é importante e deve ser tida em conta na articulação entre os objetivos e as orientações estratégicas.

Ora, segundo a notícia, os projetos de investimento serão praticamente canalizados para o “desenvolvimento da indústria hoteleira ou construção civil em países africanos de língua portuguesa” e que os mesmos serão analisados caso a caso pelo Banco de Desenvolvimento da China. É sem dúvida importante investir nestes setores de atividade, mas, também, é na qualificação, valorização do conhecimento, ciência, tecnologia e a inovação, bem como a promoção de níveis elevados e sustentados de desenvolvimento económico e sociocultural e de qualificação territorial, num quadro de valorização da igualdade de oportunidades e, bem assim, do aumento da eficiência e qualidade das instituições públicas.

Entendo que jamais se deverá descurar a intervenção nestas áreas, inclusive reforçando o potencial humano e social, com forte investimento na educação, cidadania, na capacitação institucional, pública e governamental, sendo esta última reservar-se o direito de definir a melhor estratégia para o seu território. Importa realçar estes atores e assinalar que a conceção, elaboração e implementação de um mecanismo desta natureza exige uma forte concentração e articulação de esforços por parte dos Estados, dos parceiros económicos, sociais, institucionais e da sociedade civil.

No que concerne a Guiné-Bissau, julgo que estamos a viver um momento decisivo para o nosso país e as decisões de agora irão marcar não só o futuro próximo, mas também o futuro dos nossos filhos. Dos poucos instrumentos que existem e poderão vir a existir, é necessário fazer não só as reformas económicas, mas também direcionar os nossos recursos para valorização do capital humano e dar nova esperança às pessoas. Mas, até lá (…) até lá temos de acertar os passos em termos de estabilidade política, de coesão nacional e territorial! 

Abraço de ermondadi.

Com os melhores cumprimentos,

LV