domingo, 19 de dezembro de 2010

Violência doméstica poderá ser crime público


Fonte: O País (Angola)
Por: Vladimir Prata (17 de Dezembro de 2010)

A prática da violência doméstica poderá  ser tipificada como crime público nos termos do ante-projecto de Lei aprovado na generalidade plenária da décima sessão, e última ordinária, da Assembleia Nacional este ano.  

O diploma visa essencialmente  colmatar a vazio legal no que toca à punição  dos crimes relacionados com a violência  praticada no âmbito  das relações  domésticas  e  familiares, cujo número de casos em Angola se tornou crescente, a avaliar pelo registo diários de situações deste género, pretendo-se assim que se  torne um elemento inibidor daquela prática.

O ante-projecto de lei,  vem responder ao cumprimento específico dos vários instrumentos internacionais,  regionais  e  nacionais, entre os  quais  a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Declaração de Viena e o programa de acção da III conferência mundial sobre os direitos humanos de 1993, bem como a declaração das Nações Unidas sobre a eliminação da violência contra as mulheres, de 1993.

A   lei Contra a Violência Doméstica contém 45 artigos,   está estrurada  em  seis capítulos, referentes às disposições gerais, ao atendimento à vítima, às medidas de protecção e de segurança provisória, prevenção e apoio do Estado. natureza da pena, e ainda as disposições finais e transitórias.

Este pacote contempla também a criação de centros de aconselhamento familiar e apoio psicológico às vitimas, casa de abrigo para a protecção  temporária,  principalmente das que se encontram em risco.  Para Genoveva Lino, ministra do Família e Promoção da Mulher, a criminalização da violência doméstica em crimes públicos é de transcendental importância, porque significa que a denúncia pode ser feita por qualquer membro da família ou ainda outra pessoa, contrariamente ao que acontece agora.

O facto de ser aprovada com distinção na generalidade, representa um imenso passo, que levou a ministra a considerá-lo como “o melhor presente de natal  que o parlamento  oferece a  todas mulheres angolanas”.
O deputado da UNITA Silvestre Gabriel “Samy” louva a projecto de lei manifestando embora alguma apreensão com as questões ligadas à vida intíma dos casais. Apela, por isso, a que, a nível da discussão na especialidade se  encontrem  medidas consensuais  para que possa aprovar uma lei que vai em defesa desta realidade.

“Não sei o carácter desta lei. Se o crime de violência doméstica é de carácter público ou semi-público”a dúvida é suscitada pelo deputado, que a pretende ver esclarecida, no momento certo ou quando da discussão do diploma na especialidade.    O líder da bancada da FNLA espera que esta lei venha constituir um verdadeiro ponto de  referência para o esforço da moralização da sociedade em geral, e em particular das famílias 
Mulheres jornalistas  congratulam-se
Suzana Mendes, do Forúm das Mulheres Jornalistica, congratulou-se com este passo do Executivo,  salientando que instituição que representa vem, desde  Dezembro de 2008, batendose pela aprovação de um mecanismo relevante de  combate à violência doméstica em Angola. Daí ter procedido ao lançamento de uma campanha com esse objectivo.

Regozija-se ainda pelo facto do anteprojeto final submetido à Assembleia  Nacional contemplar uma grande parte das propostas colhidas nos diversos forúns que versaram a problemática,  as quais foram submetidas ao ministério da Família e Promoção da Mulher aquando da  elaboração deste ante – projecto.  A porta – voz do forúm  concorda plenamente com a tipificação da violeência doméstica como crime público,  recorrendo ao  argumento de que “há casos em que a mulher evita  fazer a denúncia por temer vir a ser estigmatizada pela sociedade; colocada face à dependência  financeira  e ainda na tentativa da salvaguardar o  casamento abdica des qualquer acção ”.

Suzana Mendes é de opinião  que  o ministério de tutela  deverá, antes mesmo da aprovação final  do projecto, começar a  edificar as casas de abrigo, que qualificou como de “extrema  importância”  dado visarem   a preservação das vitimas, evitando o contacto com agressor. Considerou ainda que devem começar a ser acautelados outros aspectos como a acomodação das crianças  nas escolas, depois  de retirada dos respectivos lares devido à comprovação de violência. 

Notas Ordidja

E na Guiné-Bissau? Not comment!!!