Professora que testemunhou morte de africano pede proteção policial
Fonte: Globo
CUIABÁ - A professora de Sociologia Janaína Pereira Monteiro testemunhou na Assembleia Legislativa de Cuiabá o que viu no dia do assassinato do africano Toni Bernardo da Silva, de 27 anos, morto após ser espancado em uma pizzaria em Cuiabá, há 11 dias. Ela pediu proteção policial. Dois policiais militares e um empresário continuam presos, acusado da morte do estudante.
- Eu me deparei com a seguinte cena: o Toni deitado no chão, as duas mãos para trás. Uma pessoa segurava ele de um lado, e do outro lado uma outra pessoa. Um dizia "você sabe por que está apanhando? Você está apanhando porque é bandido" - conta a professora. Ela afirmou ainda que pediu que os agressores parassem de espancar o jovem. - Eu disse "vocês precisam chamar a polícia". Então um deles se identificou como policial - relata a professora.
Aos agressores ela respondeu que eles "não eram policiais, que policiais eram defensores dos direitos humanos". Ela negou integrar o programa de proteção à vítima, do governo federal, pelo fato de não querer sair de Cuiabá. Após o crime, ela teme correr risco de morrer. - Se mataram uma juíza, por que não matariam janaína? - questiona. A professora mora em frente à pizzaria onde o estudante foi espancado.
Nota Ordidja
Até mais...
A nossa relação com o Brasil não é de hoje! Isso está claro! Se alguém perguntar se ficou beliscada a imagem deste irmão gigante das Américas, Brasil, quando se soube dos motivos ignóbeis e subjacentes, que alimentaram a sede desta violência que provocou a morte, do estudante guineense, digo sim! Ficou mal na fotografia este triste episódio! A coisa de 5m, falei ao celular, numa longa conversa, com um jornalista brasileiro, que esteve a acompanhar este caso. Ele confessava a vergonha que é, para o comum brasileiro, este acto primário, perpetrado por dois agentes que o Estado paga, com o dinheiro dos contribuintes, cujo papel social, é precisamente guardar Vida da pessoa, fizeram o contrario(!?) quem leu, o relato desta corajosa e digna, pessoa humana, Professora de Sociologia, Janaína Pereira Monteiro, fica com melhor semblante, em relação a este caso, e quase que as dúvidas desaparecem. Parabéns Professora e muita coragem nesta LUTA!
E a nossa relação com o Brasil? Costumo afirmar nas conversas que vou mantendo com amigos, que essa relação é antiga e recomenda-se. Nessas conversas (não esta de teclar na net ainda mais no facebook com a malta) com os pés no Chão, reforço que, nós guineenses, conhecemos e damo-nos bem, há muito tempo, com os nossos irmãos brasileiros. Nesse tempo à trás da memória, apreciamos com alegria os sambistas, futebolistas, capoeiras, pagodistas, poetas, escritores, músicos, políticos, economistas, novelistas, atores etc, e mais etc... do Povo da Alvorada. Quem viveu na Guiné nos anos oitenta, principalmente em Bissau, lembra-se do Grupo “Alegria do Povo” e nos anos noventa, quem não se lembra do sucesso das primeiras novelas (exibidas na Televisão Nacional - RTGB) como Roque Santeiro, Tieta do Agreste, a Sinhá Moça, por exemplo, quase que provocou briga entre amigos do Bairro onde morava. Já agora só para aqueles que não sabem, sou do Bairro Chão do Papel Varela, ou melhor Tchon di Pepel! Na ponta da esquina (Kanal) entre a Rua Angola e Avenida Moçambique, onde passamos longas horas na conversar entre amigos e irmãos, era freqüente discutir sobre Cultura, Desporto, Política, Economia e demais áreas da realidade brasileira.
Hoje estando aqui no Brasil e assistir um acto tão bárbaro contra um irmão guineense que se chama Toni Bernardo da Silva, cujo corpo sem Vida, está a ser preparado para voltar à casa e terra que lhe viu nascer, na madrugada deste Sábado que vem...
Pergunto! Que Brasil é este?
De afrontamento em afrontamento, persegue, maltrata, judia (tirei da palavra judiação muito usada aqui), ignora os africanos.
Que mal fizeram os estudantes guineenses (há cerca de 4 anos atrás) da Universidade de Brasília(UNB) para acordarem com um incêndio de fogo posto, na Residência Universitária onde moravam? Caso o amigo brasileiro não saiba, estes estudantes, apenas vieram ganhar conhecimento e experiência rica, deste Brasil que ganhou muitos males, nestes últimos anos. Enquanto seres Humanos merecem o vosso respeito e consideração.
E querem saber do pior? Aqui vai... Até (hoje que escrevo estas linhas) então, ninguém pagou por esse CRIME! Por isso mesmo que este caso, vil e cobarde de três brasileiros, que socaram até a morte um jovem estudante guineense, merece uma atenção redobrada de todos. Sobretudo, deve servir de exemplo, para toda a opinião pública brasileira e global de que Justiça e Direitos são valorizados aqui no Brasil. Será um sinal de Progresso e Dignidade!
Até mais!!!
Apartamentos de africanos pegam fogo na UnB; PF investiga racismo
Apartamentos de africanos pegam fogo na UnB; PF investiga racismo
Fonte: Folha Online (2007)
Criminosos atearam fogo às portas de quatro apartamentos onde moravam africanos na CEU (Casa do Estudante Universitário) da UnB (Universidade de Brasília) na madrugada desta quarta-feira. Por volta das 3h30, os alunos perceberam que as portas dos apartamentos estavam em chamas e fugiram do prédio. Alguns só conseguiram sair com auxílio de colegas. "Se não tivéssemos ajuda, tudo poderia ser pior, porque tinha um botijão de gás ao lado da porta", disse a formanda em Ciências Sociais Mbalia Queta, 28, à Agência UnB. Todo o prédio foi tomado pela fumaça, segundo o relato de testemunhas. Nenhum dos estudantes ficou ferido. O reitor da universidade, Timothy Mulholland, classificou o incêndio como atentado. Após o crime, a universidade aumentou a segurança do prédio, colocando seguranças em todos os andares do prédio além dos que ficam no térreo. A Polícia Federal investiga o caso e não descarta que a motivação dos crimes tenha sido racismo. Testemunhas já foram ouvidas e o delegado responsável pelo caso, Francisco Serra Azul, disse ter mais de um suspeito do crime. Impressões digitais e amostras do material usado para incendiar as portas foram colhidos.