Liberdade para o nosso CHÃO
A libertação dos dois “altos dirigentes” Raimundo Pereira e
Carlos Gomes Jr. da nomenclatura anterior, que se tornaram passado, depois do
golpe militar de 12 de Abril, foi um sinal extremamente positivo! Pela terceira
vez (contando com os golpes de 1980 e 2003) no nosso pequeno trajeto, enquanto
país houve um golpe de Estado, em que se poupou a vida do Presidente e do (neste
caso particular) Primeiro Ministro. E isso, temos que reconhecer que é um passo
à frente, pelo respeito à Vida, e embora este golpe militar seja condenável, acredito na tese da
autodefesa dos militares.
Acredito que este gesto dos militares guineense, vem reforçar
o papel de guardiões do nosso chão e, de “militantes armados” (parafraseando Amílcar
Cabral) da nossa Nação. Aceito a interpretação de que os militares na
Democracia devem submeter-se ao poder político, aceito também que eles não se
devem imiscuir na política, mas convenhamos, na Guiné-Bissau, sempre se deu mal,
os que menosprezaram os homens das casernas e mais, chegando-se ao ponto, desta
vez, de lhes tentar subjugar e provavelmente atacar, com uma força estrangeira.
Não é a primeira vez que se tentou isso, mas desta vez, os militares foram mais rápidos e
perspicazes e jogaram na antecipação, segundo a versão defendida por eles. Estou
em querer que com isso pouparam não só as suas próprias vidas, mas também há de
muitas pessoas inocentes que tombam normalmente, quando há conflitos militares.
Num olhar voltado aos dias que correm, faço a seguinte interpretação:
Fracassou o encontro de domingo último na Gâmbia, e tendo em
conta algumas fontes, o presidente déspota gambiano Sheikh Alhajl Ahya Jammeh,
tentou ridicularizar os participantes, com atitudes perversas, senão vejamos:
1 – Recebeu-os em separados numa tentativa de aprofundar a
divisão e tirar logro da situação. Nunca estiveram todos no mesmo espaço de
negociação;
2 – Tentou fazer bluff durante todo o processo – ora dizia
que um grupo tinha dito isto, ora reforçava que o outro grupo aceitou uma
proposta, ou seja, tentou-os baralhar para reforçar a falsa impressão, juntos
aos demais membros da CEDEAO de que os guineenses definitivamente não se entendem;
3 – Foi uma tremenda tentativa de falta de respeito, das
pessoas envolvidas neste processo de reconciliação entre guineenses, de um indivíduo
que de Democracia tem pouco para dar, sendo mais objetivo diria até que praticamente
não tem nada para dar, e mais, sabe-se e bem, que está aos serviços dos interesses
angolanos;
Num olhar voltado ao dia de hoje:
Acredito que não irá fracassar o encontro ou a mini-cimeira
de Dakar, senão vejamos:
1 – O grupo que está a trabalhar a questão de reconciliação,
já tem uma base consistente e teórica escrita (trabalharam até às 6 horas da
manha de ontem), tendo sido aprovada uma conclusão signatada pelas delegações que compuseram a negociação na Gâmbia;
2 – Essa conclusão já foi entregue ao gabinete das Nações
Unidas em Bissau, ao gabinete da CEDEAO e foi remetido a presidência que está a
preparar a Cimeira;
3 – Todos os esforços das diplomacias de Portugal e Angola (os
que querem a guerra a todo custo) que fizeram de tudo para participar nesta
Cimeira, fracassaram;
4 – Tanto o Presidente Interino Raimundo Pereira, como o Primeiro
Ministro Carlos Gomes Junior, estão em Dakar, é um facto mas acredito que não será
para voltar ao poder, como muitos querem pintar, mas sim, para assinarem as
respectivas Cartas de Renuncia;
E mais não digo, até a conclusão da Cimeira...
Estamos perante uma BOA CHANCE de a Guiné-Bissau se erguer,
sem “testas de ferro” do passado ou pessoas comprometidas com muitas acusações
de cabalas e assassinatos.
Estamos perante uma BOA CHANCE de reorganizar, reformar e quiça, refundar as Foras Armadas e toda
uma sociedade que nos últimos anos se tornou refém de uma nomenclatura
autocrata. (Autocracia: Forma de governo na qual um único homem detém o
poder supremo).
Estamos perante BOA CHANCE de se
reorganizar a CNE e com recenseamentos eficientes e biométricos, partirmos para
às próximas eleições Justas, Transparentes e Democráticas;
Quase todos conhecemos de cor e salteado, o perfil político e
o guião das representações, e de todas as personagens do teatro político em
cena. Na verdade, cada um de nós sabe, quais são os divisionístas que se
acovardaram e as escondidas vão tentando dividir cada vez mais o Povo guineense.
Este Chão e esta Bandeira nos une!!!
BOA CHANCE, GUINÉ-BISSAU...