Gorky Medina
Amanhã jogará a minha seleção - não adoptiva - num jogo importante com muitas expectativas à volta.
Uma
vez alguém me criticou aqui de não falar da nossa seleção, foi há dois anos, na
altura preferi ficar calado, pois achava não valer pena e nem preciso provar o
meu patriotismo a quem quer que fosse.
Na
verdade, falo pouco da nossa seleção, ou quase nunca, porque na Federação de
Futebol da Guiné-Bissau, ou se preferirem, os senhores que comandam o futebol
guineense, para além do amadorismo, não percebem nada da bola o que agrava a
coisa.
Não
posso admitir que um grupo de dirigentes não tenham um orçamento dos custos com
a equipa nacional, quando de antemão já sabem quais são os jogos que vão ter e
a que países se deslocarão, tal como sucedeu na anterior era do Norton de
Matos. Lembro de ter provocado uma ira de muitos aqui, quando em Setembro de
2010, na noite eufórica do jogo vitorioso contra a Quénia, eu ter chamado
atenção, para que não haja aproveitamento, porque a nossa selecção precisa de
tempo pois só tinha começado nesse momento a competir depois de anos.
Resultado, todos sabem que não voltamos a ganhar um único jogo até a data
presente.
Portanto
meus senhores, alguém tem de pôr calma nisto: apoiar sim, mas nada de
demagogia, explicar que mesmo frente uma República Centro Africana - que todos
dizem ser fraca mas que ninguém conhece - que não terá assustado na primeira
mão, não deixamos de ser uma equipa em construção, e, acima de tudo, precisa de
ganhar hábito a competir ao mais alto nível.
Depois
do jogo frente a Mali de Mamadou Diara, Kanuté, Hamed Bagayogo e Saidou Keita
em 2003, vou regressar a um estádio de futebol como apoiante da nossa equipa
nacional.
Mas
cuidado, o amadorismos nos procedimentos continuam: como é que uma equipa a
procura de conjunto abre às portas ao público em todos os treinos realizados em
casa?
Paulo
Torres não deve deixar que lhe transformem aquilo num regabofe -disse-me meu
amigo Mussá Baldé -
que não obterá nenhum resultado satisfatório dessa forma, e essas mesmas
pessoas serão quem mais lhe criticarão.
Boa
sorte a nossa equipa nacional - não reconheço nenhum djurtus - amanhã serei um
dos mais de 15 mil no Estádio Nacional 24 de Setembro para apoiar - isto se não
chegar aos 40 mil como sucedeu no jogo frente ao Mali em 2003.
P.S. Vou estar atento em ver como ainda se mexe meu colega Emiliano Te,, particularmente
a ele, que tenha um dia inspirado e que seja ele quem inspire os nossos rapazes
que lhe acompanharão no 11 inicial.