sábado, 30 de maio de 2015

A vitoria amarga dum derrotado


Por: Neusa Sanha



Confesso que não morro de amores por futebol, o meu (...) é ténis, mas o que está acontecer na FIFA neste momento, não me deixa indiferente. Sempre que se fala de corrupção, soa o alarme na minha consciência social. Creiam-me, há tanta miséria, tanta desigualdade no mundo, por culpa do cancro da corrupção.

Bem, neste caso em concreto da FIFA, podia até ficar na minha zona de conforto, encolher os ombros e dizer: corrupção na Fifa? Que se danem os ocidentais, trata-se de corruptelas entre brancos, nós até recebemos alguns «trocos» em África a conta dos roubos deste tal de Blatter. Eles que se entendam!

Bem, no que toca ao Guiné (que é realmente o que mais me interessa), consta que em pouco ou nada beneficiou o Estado em si o dinheiro injetado pela FIFA, ou seja, quase todo o dinheiro recebido para financiar projetos, foi sempre absorvido pelos bolsos dos sucessivos ministros da tutela, os sucessivos secretários de estado do desporto, os sucessivos presidentes da federação de futebol Guineense e claro, alguns funcionários ligados ao desporto.

Porém, a FIFA não obstante saber que o dinheiro foi sempre desviado para outros fins que não os acordados, nunca se incomodaram em pedir contas a ninguém, porque no fundo o que sempre preocupou o Blatter, era garantir o apoio da federação Guineense (e de outras também...) em todas as contendas eleitorais.

Hoje, o Blatter é o presidente eleito pelos votos da vergonha, mas definitivamente é um homem derrotado pela honra, pela transparência, pela dignidade e por todos aqueles outros atributos que permitem uma pessoa olhar-se ao espelho e não sentir vergonha da sua própria pessoa.