Por: Neusa Sanha
Confesso
que não morro de amores por futebol, o meu (...) é ténis, mas o que está
acontecer na FIFA neste momento, não me deixa indiferente. Sempre que se fala
de corrupção, soa o alarme na minha consciência social. Creiam-me, há tanta
miséria, tanta desigualdade no mundo, por culpa do cancro da corrupção.
Bem,
neste caso em concreto da FIFA, podia até ficar na minha zona de conforto,
encolher os ombros e dizer: corrupção na Fifa? Que se danem os ocidentais,
trata-se de corruptelas entre brancos, nós até recebemos alguns «trocos» em
África a conta dos roubos deste tal de Blatter. Eles que se entendam!
Bem, no
que toca ao Guiné (que é realmente o que mais me interessa), consta que em
pouco ou nada beneficiou o Estado em si o dinheiro injetado pela FIFA, ou seja,
quase todo o dinheiro recebido para financiar projetos, foi sempre absorvido
pelos bolsos dos sucessivos ministros da tutela, os sucessivos secretários de
estado do desporto, os sucessivos presidentes da federação de futebol Guineense
e claro, alguns funcionários ligados ao desporto.
Porém,
a FIFA não obstante saber que o dinheiro foi sempre desviado para outros fins
que não os acordados, nunca se incomodaram em pedir contas a ninguém, porque no
fundo o que sempre preocupou o Blatter, era garantir o apoio da federação
Guineense (e de outras também...) em todas as contendas eleitorais.
Hoje, o
Blatter é o presidente eleito pelos votos da vergonha, mas definitivamente é um
homem derrotado pela honra, pela transparência, pela dignidade e por todos
aqueles outros atributos que permitem uma pessoa olhar-se ao espelho e não
sentir vergonha da sua própria pessoa.