Alentejo: Bispo de Beja denuncia casos de “indignidade humana”
Fonte: Correio da Manhã
O bispo de Beja, D. António Vitalino Dantas, diz que se estão a verificar no Alentejo vários casos de escravatura humana, promovidos por "autênticos mafiosos", que angariam a mão-de-obra em países do Leste europeu e a colocam à disposição dos agricultores. Trata-se de cidadãos estrangeiros, na sua maioria de nacionalidades romena e moldava, que se deslocam nesta altura para esta região portuguesa para trabalhar na apanha da azeitona.
"São dezenas, ou até centenas, de pessoas a viver em condições degradantes, a passar fome e frio e a ganhar uma miséria", disse o prelado ao CM, sublinhando que "é lamentável que uma coisa destas ainda ocorra em Portugal".
D. António Vitalino Dantas diz que "os imigrantes chegam em camionetas, são descarregados nas herdades e colocados a residir em barracões sem o mínimo de condições".
O prelado afirma que estas pessoas "trabalham no duro, mais horas do que o normal, e não recebem o que é justo pelo seu trabalho, uma vez que a grande fatia vai para o bolso dos intermediários".
Admitindo que os agricultores não tenham, "muitas vezes", total conhecimento da situação, o bispo de Beja pede aos donos das herdades que "averigúem as reais condições em que estas pessoas se encontram, quer em termos de habitabilidade quer em termos salariais".
De resto, D. António Vitalino disse ao CM que "têm chegado ao conhecimento da diocese situações muito preocupantes" e que já alertou as associações de agricultores e alguns autarcas da região "para que se inteirem do que realmente se passa".
Contactado pelo CM, Francisco Palma, presidente da Associação dos Agricultores do Baixo Alentejo, admite a existência de "alguns casos", mas assegura que "a fiscalização, por parte das autoridades, nunca foi tão apertada" e que "aquilo que foi uma triste realidade no passado, hoje não se verifica".
Opinião
É escandaloso, verificar que países que bradam nos céus, os valores da dignidade, ecoando para todos os cantos do Mundo, os Direitos Humanos, fecham “um olho” de propósito e deixam passar impune, este tipo de crime.
É inaceitável, que esta questão da “escravatura” do novo milénio, seja tomado de ânimo leve, sobretudo quando muitos não querem perceber a dimensão e o grau de sofrimento daqueles que sofrem, mas pior quando não existe uma autoridade de BEM, que ponha um ponto final nestas explorações desumanas.
Onde está o Estado? É a pergunta que se impoem!
É triste, quando temos pessoas próximas e familiares que já passaram por esta situação, e nos sentimos impotentes perante os factos, sem puder reagir, ou agir, porque há seis meses atrás, também estava na mesma situação, ilegal.
Mas já tenho comigo o meu Cartão de Cidadão (CC) português. Tenho de facto e de jure a nacionalidade portuguesa, completou hoje duas semanas. Com o atestado de residência caducado, estando ainda em Bissau, entrar em Lisboa foi um “ai Jesus” mas entrei. Pois o meu último recurso no aeroporto da Portela, foi chamar a atenção do oficial de serviço, que já me tinha sido concedido a naturalidade portuguesa, mas tendo em conta a minha permanência na Guiné-Bissau, só estando em Portugal, poderia solicitar os documentos às autoridades portuguesas.
Fizeram “ronha” e outras coisas mais, levando um mês para fazer a transcrição da Certidão de Casamento, e pior, levaram cerca de cinco(5) meses para ter pronto o CC, numa previsão inicial de oito(8) dias, depois de feito o pedido normal. E tendo em conta que hoje às leis do meu país de origem, aceitam, a dupla nacionalidade, e sendo hoje e neste momento português, manifesto a minha vergonha e o meu repudio por existirem casos destes, e ler notícias tão tristes num período de advento.
Graças ao mural e a conecção no ‘facebook’ com o amigo Mamadu Anabias Edlab, li esta notícia e sulco este post!