segunda-feira, 4 de julho de 2011

Absinto-me de ti, Guiné


Absinto-me de ti, Guiné

Entras como relâmpago justamente no fôlego
do primeiro gole.
Vingas com raiva, a minha pouca ternura
ao estalar da língua.
Desconfio, da primeira Nimba que enamorei
naquela areia branca do Djiu di galinha.

Não, não é fruto do acaso o nosso encontro,
apaixonado, logo na primeira vista.
Nem é só obra do destino, o beijo eclodito, 
no umbigo de Geba.
Nunca acreditei na coincidência da gota do álcool,
panfletando às do sangue, do guineu.

Abisinto-me de ti, Guiné
pelo epitáfio da nascença aceitada.
Abisinto-me de ti, Guiné-mulher
pela juventude que me emprestas-te.
Absinto-me de ti, Guiné-mãe
pelos lápides da dura, idade adulta.
Absinto-me de Guiné-homem
pela luta ao atravessar este belo rio,
rio Cacine.

Helmer Araújo ( Cacine 2010)  



O bebedor de absinto de Victor Oliva

Pequena nota:

Este pequeno poema, foi escrito depois de uma jornada no rio Cacine, prendado por um dos melhores momentos enquanto estive e gozei, da maravilhosa hospitalidade do amigo, irmão e camarada Lay Seck. Tinhamos feito um périplo pelo rio Cacine, recolhendo peixes pescados durante à madrugada, pelos pescadores da UNIPESMARCA ( União dos Pescadores da Margem do Rio Cacine).

Foi nessa viagem que,(já contei em privado, alguns amigos) esta boca, que a terra há de comer, comeu, o melhor petisco do mundo, . Entre um misto do sabor de patê de figado e caviar, saboriei, às ovas de Barracuda (Bikuda, em crioulo) fumado. Só de pensar, me apititou a saudade dessas aventuras, e cá está a àgua na boca, para confimar e testemunhar. 

Fui!!!