Fonte: Reuters
A viúva de Yasser Arafat vai entrar com um processo judicial
na França pela inexplicável morte do líder palestino oito anos atrás, depois de
uma reportagem sugerir que ele pode ter sido envenenado, disse seu advogado
nesta terça-feira. Alegações de jogo sujo durante muito tempo cercaram a morte
de Arafat, em novembro de 2004, depois que médicos franceses que trataram dele
em seus últimos dias disseram que não foi possível estabelecer a causa da
morte.
A controvérsia foi reacendida por uma reportagem da Al
Jazeera na semana passada em que o Instituto de Rafiofísica Suíço afirmou ter
encontrado níveis "surpreendentemente" elevados de polônio-210 nas
roupas de Arafat -a mesma substância usada para matar o ex-espião russo
Alexander Litvinenko em Londres, em 2006. O instituto suíço disse, no entanto, que os sintomas
descritos em relatórios médicos do presidente palestino não eram consistentes
com o agente radioativo.
"Madame Arafat espera que as autoridades sejam capazes
de estabelecer as circunstâncias exatas da morte do marido e descobrir a
verdade, para que a justiça possa ser feita", declarou o advogado
Pierre-Olivier Sud em um comunicado. A natureza exata da reclamação legal da viúva de Arafat,
Suha, de 48 anos, ainda não foi determinada, mas espera-se que seja apresentada
antes do final deste mês, disse o advogado.
O processo seria aberto contra uma pessoa ou pessoas
desconhecidas, explicou o advogado no comunicado.
A Autoridade Palestina concordou na semana passada com um
pedido de Suha Arafat -que vive em Malta e na França- para exumar o corpo do
marido de um mausoléu de pedra calcária na cidade de Ramallah, na Cisjordânia,
para uma autópsia. "Eu quero que o mundo saiba a verdade sobre o
assassinato de Yasser Arafat", disse Suha Arafat à Al Jazeera, sem fazer
qualquer acusação direta, mas observando que tanto Israel quanto os Estados
Unidos o viam como um obstáculo à paz.
No fim de semana, o presidente da Autoridade Palestina,
Mahmoud Abbas, reuniu-se com o presidente francês, François Hollande, e
pediu-lhe ajuda para formar uma comissão internacional de investigação através
do Conselho de Segurança da ONU, disse o negociador-chefe palestino Saeb Erekat
à Al Jazeera.
Confinado por Israel ao seu quartel-general em Ramallah
durante três anos, Arafat sofreu um colapso em outubro de 2004. Parecendo magro
e fraco, ele foi levado de helicóptero para um hospital militar na França, onde
entrou em coma e morreu em 11 de novembro de 2004.
Rumores circularam que ele havia morrido de qualquer coisa
desde câncer de estômago a envenenamento e Aids. As autoridades francesas,
citando leis de privacidade, recusaram-se a dar detalhes sobre a natureza da
sua doença.