Luis Vicente
Por: Luis Vicente
Sobre
a recente notícia de disponibilização de cerca de 25 Mil Milhões de Dólares pela
China aos Países da África e concretamente os PALOP´s. É sem dúvida uma
excelente notícia para os beneficiários deste fundo. Porém, é necessário
prudência quando se trata de Projetos de Investimento e de Desenvolvimento que
têm como únicos interlocutores as empresas privadas.
Entendo
que não se pode descurar a componente pública, através da capacitação
institucional, uma vez que a definição dos objetivos estratégicos no plano
nacional, regional e local, passará invariavelmente por este ator. No entanto,
no que toca a essência do artigo, julgo que devemos olhar para esta questão
numa perspetiva global e mais abrangente do ponto de vista das estratégias de
desenvolvimento dos países com grande capacidade de crescimento, a lógica de
mercado internacional e as oportunidades que oferecem.
Por
exemplo, no que se refere à questão da globalização, o crescimento continuado
dos fluxos de comércio internacional e dos movimentos de capital observado ao
longo das últimas décadas, conjugado com a alteração do seu padrão de evolução
no sentido de uma crescente diversidade e complexidade, evidencia a importância
da dinâmica de globalização das economias e das sociedades e configura desafios
e oportunidades determinantes para os países africanos, mais concretamente os
de língua portuguesa especialmente tendo em conta as suas consequências
estruturais em termos de concorrência internacional nas dimensões
correspondentes aos fluxos comerciais, de capitais, de pessoas e de informação.
Os principais efeitos desta dinâmica ocorrem em termos geoestratégicos
(marcados pelo papel que neste contexto vem sendo desempenhado pelas economias
norte-americana e europeia e pelas posições crescentemente importantes de
economias asiáticas e sul-americanas) e sectoriais (com relevo para a
competição pelo fator preço, em atividades com maior intensidade de utilização
do fator trabalho, nomeadamente em domínios de menor valor acrescentado e menos
exigentes em qualificações). A questão das qualificações é importante e deve ser
tida em conta na articulação entre os objetivos e as orientações estratégicas.
Ora,
segundo a notícia, os projetos de investimento serão praticamente canalizados
para o “desenvolvimento da indústria hoteleira ou construção civil em países
africanos de língua portuguesa” e que os mesmos serão analisados caso a caso
pelo Banco de Desenvolvimento da China. É sem dúvida importante investir nestes
setores de atividade, mas, também, é na qualificação, valorização do
conhecimento, ciência, tecnologia e a inovação, bem como a promoção de níveis
elevados e sustentados de desenvolvimento económico e sociocultural e de
qualificação territorial, num quadro de valorização da igualdade de
oportunidades e, bem assim, do aumento da eficiência e qualidade das
instituições públicas.
Entendo
que jamais se deverá descurar a intervenção nestas áreas, inclusive reforçando
o potencial humano e social, com forte investimento na educação, cidadania, na
capacitação institucional, pública e governamental, sendo esta última
reservar-se o direito de definir a melhor estratégia para o seu território.
Importa realçar estes atores e assinalar que a conceção, elaboração e
implementação de um mecanismo desta natureza exige uma forte concentração e
articulação de esforços por parte dos Estados, dos parceiros económicos,
sociais, institucionais e da sociedade civil.
No
que concerne a Guiné-Bissau, julgo que estamos a viver um momento decisivo para
o nosso país e as decisões de agora irão marcar não só o futuro próximo, mas
também o futuro dos nossos filhos. Dos poucos instrumentos que existem e
poderão vir a existir, é necessário fazer não só as reformas económicas, mas
também direcionar os nossos recursos para valorização do capital humano e dar
nova esperança às pessoas. Mas, até lá (…) até lá temos de acertar os passos em
termos de estabilidade política, de coesão nacional e territorial!
Abraço
de ermondadi.
Com
os melhores cumprimentos,
LV