Aparelho de rádio
Passaram
praticamente cinco anos, este ano vai-se celebrar os 20 anos da criação das primeiras rádios
comunitárias na Guiné-Bissau. A ideia foi participar num concurso denominado
DocTV, que selecionava em cada país lusófono africano, um documentário, e com
o apoio financeiro de 50 mil euros posto a disposição pela organização, se
realizavam os filmes. O nosso olhar foi bater com a intenção de retratar, as
rádios comunitárias guineenses, que foram um dos maiores fenômeno de
comunicação na Guiné-Bissau. Outro fato interessante, a Guiné-Bissau foi
pioneira na criação de rádios comunitárias e esteve sempre na linha da frente em
relação, aos outros países falantes do português, no continente. Para vossa
informação, à Rádio Sol Mansi foi no inicio um projeto de rádio comunitária,
embora hoje, 14 anos depois, completados no dia 14 de fevereiro( dia dos
namorados) do corrente, seja considerada a melhor e mais bem consolidada
emissora do país, com maior cobertura e alcance nacional. Hoje, depois deste
tempo todo, decido partilhar com os fieis e infiéis leitores deste Blog, a
nossa proposta de documentário “Vozes da
Esperança”. Estávamos em 2009...
VISÃO ORIGINAL
O
documentário fará um retrato temporal dos cerca de quinze anos, das Rádios
Comunitárias na Guiné-Bissau, e o abanão que provocaram, nos alicerces da
sociedade guineense, obrigando-a a reequacionar a tradição, o quotidiano e a
própria identidade.
Recontextualizar
todo esse processo, numa perspectiva atual, sem deixar de incluir, as suas
referências do passado não muito longínquo, por ter apenas mais de uma década.
O mergulho na realidade desses novos meios de Comunicação será abordada tendo
como ponto de partida, a necessidade de as pessoas se comunicarem e combaterem
a info-exclusão, e como ponto de chegada, a constatação de que, a Rádio, tem
sido o meio comunicação histórico, na construção identitária e cultural na
Guiné-Bissau.
Outrossim,
a ter em conta é, a questão da Rádio ser também o meio de eleição e que melhor
se adapta a realidade do país, num expressivo quadro atual, preenchido por
fenômenos como a miséria (pobreza), (violência), (o analfabetismo) e (fragilidade do estado) o subdesenvolvimento.
Deve
ser ainda ressaltada, que estamos perante um órgão de Comunicação que, graças a
facilidade e mobilidade que caracterizam a sua criação e operacionalidade, está
de mãos dadas com há mais adaptável forma de comunicação existente, a oralidade,
conhecida como pedra basilar, das manifestações culturais na Guiné-Bissau.
Num
contexto de condições extremamente adversas, sendo um país onde são gritantes
os índices de pobreza e de desenvolvimento humano, considerados dos mais baixos
(colocado até no pódio dos piores Estados) a nível mundial, existem (uma) ações positivas, (que) e uma
delas é o projeto das Rádios Comunitárias.
(Não
obstante todo este cenário de adversidades). O documentário pretende que se
observe que estamos, perante uma iniciativa fundamental para a educação cívica,
para uma comunicação horizontal entre os guineenses e para a criação de novos
valores conducentes com o contexto sociocultural do país) (,de todos os
guineenses e perante, o pioneirismo guineense na criação das Rádios
Comunitárias, no espaço lusófono
africano, na criação e aposta na Emissoras Comunitárias). Neste momento existem cerca de duas dezenas de Rádios
Comunitárias na Guiné. Estações de rádio que têm contribuído na evolução e o
fim do isolamento das comunidades com o Mundo, semeando novas perspectivas de
futuro.
O
filme vai concentrar-se, no desenvolvimento das atividades das Rádios
Comunitárias, e a forma como moldaram e vão moldando o dia-a-dia das
comunidades, realimentando cada vez mais a cultura da Paz e da Cidadania.
Numa
primeira fase, a observação terá como base os testemunhos e percepções dos
vários atores, ONGs, Acção para o Desenvolvimento (AD) SWISAID fundação suíça
para o desenvolvimento, a RENARC Rede das Rádios Comunitárias e Instituto de
Comunicação da Guiné-Bissau (ICGB) os diretores e colaboradores das rádios que marcaram o itinerário dos primeiros
passos, culminando com o surgimento da primeira, à Rádio Voz de Quelelé em
Bissau.
Numa
segunda fase, será feita uma incursão daquilo que tem sido interpretado, como a
influência que estas rádios têm desempenhado, embora por vezes até
menosprezado, na construção das novas regras de coabitação, duma sociedade
multiétnica e diversificada que é a guineense. Em síntese o retrato destas
dinâmicas locais vai ser captada, através da interação natural, provocada
pelas rádios nas comunidades e localidades selecionadas e vice-versa. A saber:
Ø Rádio Voz de Quelele: Celebrou o seu décimo sexto
aniversário no dia 04 de Fevereiro de 2008. É a pioneira, naquilo que
poderíamos chamar de “tubo de ensaio” para experimentar se a ideia surtiria
efeito e, seria adaptável a realidade do país. Com a sua legalização e a
entrada em funcionamento dos seus órgãos sociais, favoreceu a maior
participação da comunidade do Bairro de Quelele na organização e gestão desta
estação da Rádio Comunitária. Cada programa desta rádio tem mais que um clube
de ouvintes, que facilita medir a audiência dos respectivos programas e
adaptá-lo em conformidade com a exigência de ouvintes
Ø Rádio Djalicunda:
Esta estação emissora tem sido uma ferramenta indispensável, para organização e
dinamização de uma associação agrícola Kafo. Como resultado denota-se a
diminuição drástica de uma das práticas agrícola mais ancestrais da região às
queimadas das florestas. Contribuindo com sementes alternativas, para o cultivo
e apoiando as campanhas de Microcrédito.
Ø São Domingos (Norte)
– Rádio Kasumai que demonstra a inexistência de espaço limitado, no poder e
capacidade de alcance de uma rádio, pois consegue transpor as fronteiras
fictícias, existente entre os Felupes da Guiné e do Senegal (Casamanssa).
Ø Cantanhês
(Sul) – Rádio Lamparam, que luta para a preservação ambiental das matas do
Cantanhês. Esta rádio tem servido como instrumento para melhor alertar, as
populações e as comunidades, no sentido de proteger as riquezas da
biodiversidade no país.
Ø Formosa
(Ilhas) – Rádio Kosena, situada numa das ilhas ou territórios insulares da
Guiné, esta rádio vai ajudando os Bijagós a enfrentarem melhor as adversidades
do isolamento com o continente e tem sido o elo de ligação entre as varias
ilhas que compõem os arquipélagos.
Portanto
este é o enquadramento que faço, deste projeto documental, onde será por isso
necessário trabalhar, recorrendo a uma instituição pública (ISGB), uma ONG (AD)
e cinco rádios comunitárias (Quelelé, Djalicunda, Kasumai, Lamparam e Kosena).
O espelho da mudança provocado pelas rádios terá reflexo, nos testemunhos
colhidos junto aos públicos alvos, de cada localidade e comunidade. Todas elas
partem de um tronco comum, em relação aos temas e conteúdos, na concepção do
formato e estilo de rádio. Caracterizadas como rádios rurais, para além da
incidência sobre a Agricultura uma marca bem definida, como sector econômico, e
a grande atividade laboral do interior do país, sendo assim o tema central das
programações destas rádios, a saúde, a educação, o ambiente e a cultura são os
pilares da sustentação do resto da grelha de programação. A personagem que terá
o papel central no documentário será o Eng.
Carlos Schwarz, sendo ele o impulsionador senão mesmo o obreiro de todo este
processo, o que por si só, representa já uma excelente garantia.