sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Reflexões sobre a Paixão II

“Agosto veste-se de ouro, anda de sorriso, estampa-se nos campos e plana por entre montanhas e vales.” Adama

“Colada à tua boca a minha desordem.
O meu vasto querer.
O incompossível se fazendo ordem.
Colada à tua boca, mas descomedida
Árdua
Construtor de ilusões examino-te sôfrega
Como se fosse morrer colado à minha boca.
Como se fosse nascer
E tu fosses o dia magnânimo
Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer”
Hilda Hilst
Quando me envias-te este poema, Adama, lembrei-me que prometi publicar o texto da tua amiga Zé,em resposta ao teu texto sobre a PAIXÃO que começa precisamente assim:
“Gostei muito do seu texto. Há nele os sentimentos e percepções de uma infinidade de mulheres que de uma forma mais ou menos clara percepcionaram momentos semelhantes .
Atrevo-me por isso a partilhar consigo a experiência de outra mulher.
Quando nos abandonamos ao silêncio percebemos que as nossas percepções são bastante ornamentadas para nossa básica satisfação e que o AMOR em essência não é o tango que dançamos com  alguém mas a criação de uma harmonia que nos permite "criar" um momento de equilíbrio. Esse equilíbrio  dá-nos tanto prazer que enquanto dura é infinito e eterno qual corpo que ao atingir a velocidade da luz deixa de estar sujeito ao tempo. É realmente uma outra dimensão. Mas as diversas dimensões quer nos causem prazer ou sofrimento são ainda as "camadas da cebola a que chamamos realidade". Não há mais durabilidade num amor que na flôr intocada que desabrocha hoje e amanhã está murcha, quem sabe podre.
As emoções são essenciais, é através delas que o Universo dialoga connosco mas será bom que tentemos vê-las como um meio de comunicação usado apenas para nos dar satisfação ou sofrimento pois os dois são as duas faces da mesma moeda. Enquanto procurarmos um, vamos ter o outro. Assim os grande "viciados" deste diálogo costumam procurar o sofrimento para que a felicidade lhes seja dada.”
Contudo esta é ainda uma perversa ilusão que, também ela não nos deixará permanecer....Grande beijinho”
Maria Jose Cunha