quarta-feira, 23 de maio de 2012

Devemos ser do povo e pelo povo

Samba Bari
Por: Samba Bari*


Eu ate gostava de aparecer neste espaço com outras reflecções e com temas diferentes das de realidades politicas e muito menos das de crise. Só que, infelizmente, a preocupação com a minha pátria não liberta a minha memória para fluir em  outras inspirações.

De momento, dia pós dia, sentamos compartilhando as nossas vidas, nossos sonhos, nossos medos e também dos nossos erros.
Como é da realidade natural, acho que temos boa maturidade para compreender que partir do momento que o ser humano criou as hierarquias organizadas em cada república. Os métodos prementes que guiou os relacionamentos políticos e estatais, foram e são sempre de interesses permanentes.

Dai a importância de cada um de nós ter uma contenção em termos de pronunciamento e exposição. Porque as vezes as emoções repentinas do sentimento, leva-nos na perda de consciência de acreditar na realidade revertível... De acatar o facto consumado com calma e ponderação, para poder transforma-lo em norma desejada sem perda de muito tempo.

É verdade que todos nós ainda podemos estar com stresse e revoltados... Mas devemos expandir a nossa visão, aguçar o nosso pensamento, intensificar a nossa calma e atenção, para percebermos que nesse preciso momento histórico em que estamos, é mesmo impossível voltarmos na nossa conjuntura politica imediata que vivíamos até dia 11 de Abril de 2012.

Já agora, estamos confinados com um envolvimento situacional que exige de todos nós... Ou seja, uma serenidade de assegurarmos o momento politica transitório que temos de atravessar, de formas a que possamos acompanha-lo sem mais drama e complicação. Sob pena de vermos a necessidade de dilatar esse tempo de 12 meses, devido ao insuficiente preparo possível, resultante da nossa falta de conformismo e de aceitar a realidade desse grande presente que somos obrigados a enfrentar.

Nesse imbróglio confuso que estamos metidos, somos os únicos responsáveis das dificuldade que estamos a passar, e com certeza seremos os únicos responsáveis para inspirar a nossa livre vontade de superar o momento com êxito e eficácia.

Todo o grosso restante interveniente do processo não passa de um estranho no meio de uma família a usar o bel-prazer do seu interesse por onde estamos simplesmente a ser vítimas de aproveitamento. Se não vejamos:
Senegal vive sempre ressentido da questão Casamança e aspeto da rivalidade de vizinhança para jogar a cartada de pouco interesse da nossa vida em tranquilidade.

Burkina Faso, vai ponderando os seus momentos de consistência na região, para sobreviver com as vantagens de confiança que está a ser dado.

Gambia, pode ser um que ofereceu vontade para ser ouvido, mas com interlocutor stressado, ou sem dom de mediação. De formas que aproveita dessa crise para limar as suas amizades.


Angola, preocupado com alguns milhões já investidos, motivados de grandes esperança e de alguns ganhos. Vive da inquietude em ver o desmoronar dos seus alicerces de consistência, sem ter ainda assegurado nenhum retorno. Daí os motivos de tanto stresse... Sem mãos a medir, nem consequência dos meios para atingir uma resolução a seu favor, seja como for.
E ainda no projeto para implementar a sua hegemonia regional, e de assegurar permanência da MISSANG para não sair humilhado. Fez desta crise a sua vida e morte.


Costa do Marfim, o presidente Alassane Ouattara (atual presidente em exercício da CEDEAO) ainda não esqueceu do apoio inequívoco do presidente Eduardo dos Santos ao Laurent Gbagbo, até a última hora, contra a sua legitima escolha para o exercício da presidência da republica... Ganhou oportunidade nesta crise, uma forquilha diplomática para manifestar o seu desagrado e jogar contra a vontade Angolana

Nigéria, nunca ia desprezar esta oportunidade de se mover contra qualquer pretensão da diplomacia Angolana, para neutralizar a sua vontade de se erguer numa potência regional.

Enquanto Cabo-Verde está como quem observa calado, para depois reagir só com o que vai ao encontro da comunidade internacional. Com a formação do governo e a sua imediata entrada em vigor, evidenciou a certeza de um adeus ao antigo regime… Pelo que, vamos diminuir as reclamações e de perder mais tempos em tentar o impossível. Ou de estagnar a nossa caminhada em divergir entre elogios e acusações. Ou seja, entre os que defendem um Cadogo de grande gestor, modesto em coisa publica, trabalhador incansável para o bem do povo e aponta os seus exemplos, e outros que olham no Cadogo um ditador, um perseguidor, um divisionista, um carrasco em neutralizações físicas e também aponta os seus exemplos...

Alias situação constatada que nunca nos pode dar poderes autónomos para direcionar num rumo certo, e de dar volta a nossa errada mentalidade de arrogância e de sobressaltos.

Portanto, antes de culparmos a “solução CEDEAO”, é preciso culpar mil vezes os nossos procedimentos de tanto causar preocupação ao mundo e a nossa falta de capacidade e vontade de entendimento para ultrapassar os nossos desentendimentos.

Nesta base, o melhor que temos a fazer, é mentalizar que neste mundo nunca existiu e nem existirá nenhum homem insubstituível... E pegar neste imenso presente que temos, com árduo esforço para reorganizar o país e entregar o tempo e o futuro, a justiça dos factos consumados.

Porque na vida, o sucesso não está simplesmente no poder de celebrar a vitoria, mas também em saber levantar orgulhoso e com rapidez, em cada queda no meio do nosso percurso.

Na minha opinião, acho muito erado o incentivo a desobediência civil ou a recusa de acatar com as orientações hierárquicas na nossa função pública.
Muitas crises políticas passaram, todos com custos de vida humana… E essa foi uma exceção, ainda melhor que muitos momentos de paz que designamos de incidentes.

Uma guerra, não deve ser solucionada com outra guerra... Pois quem sofre é a República da Guiné-Bissau e o seu povo... Vamos lutar para o florescimento do país para cada vez mais orgulharmos de sermos Guineenses... Perceber que a subsequência das nossas crises, resulta das impunidades e na má gestão dos problemas anteriores. Não de apostar em armas, na invasão militar ou no incentivo ao povo para vaiar as instituições da República seja quais forem.

Meus irmãos e caros compatriotas

Devemos ser do povo e pelo povo... Ser de uma justiça coerente para uma estabilidade consistente... Fazer de urgente a travessia transitória e chegar as novas instituições legais para dignar a república... Nunca aceitemos fazer parte de quem deseja mal para o país, nem de gozar com essa república que nos viu nascer... Já que graças a ela, somos identificados de naturalidade e nacionalidade.
* Licenciado em Relações Internacionais pela Universidade Lusídas de Lisboa