sábado, 1 de novembro de 2014

Estará em curso uma «Primavera Africana»?

Rui Neumann
Por: Rui Neumann

Os acontecimentos no Burquina Faso estão a provocar comichões em muitos dirigentes africanos. Estará em curso uma «Primavera Africana»? Talvez sim, talvez não. África nunca foi homogénea.

Relativamente ao Burquina Faso quem neste momento deve estar a rir é Thomas Sankara, um jovem militar que tentou revolucionar a governação no seu país. Depois de ter sido lançado para o poder na sequência de um Golpe de Estado em 1983, Thomas Sankara tornou-se ainda mais incómodo pela sua popularidade e visão política “afro-africana”. O seu programa assentava no princípio do «anti-imperialismo» moderno… uma grande chatice para uma França toxicodependente da Françafrica.

Em Outubro de 1987 Blaise Campaoré arranca com um Golpe de Estado e Thomas Sankara morre de «morte natural» após ter sido naturalmente assassinado pelos fiéis do seu fiel amigo Campaoré, que naturalmente ocupou o lugar do defunto até… hoje.

Democraticamente e naturalmente Blaise Campaoré tem sido cronicamente reeleito com percentagens invejosas, tal como 80,5% em 2010. Mas o democrático Campaoré está agora em maus lençóis, sentado numa cadeira injetável sem airbag nem paraquedas.

Que Blaise Campaoré descole da cadeira do poder à qual está naturalmente agrafado, não é grave… é óbvio. Complicado é que o Burquina Faso é um país chave no combate ao terrorismo crescente no Sahel. Um ambiente de caos securitário no Burquina será um delicioso biscoito para os grupos terroristas que passeiam na região.

Ordidjanotando

O pequeno texto supra-publicado foi repiscado da página do facebook do colega jornalista Rui Neumann...Foi escrito antes da divulgação da notícia que confirmou a renuncia ao poder do trocidário Blaise Camporé.