quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Descansa em paz...


          
 Braima Mané (Aladje)

Amanha (sexta-feira) no voo proviniente de Lisboa, da companhia Euroatlantic, chega em Bissau os restos mortais do meu vizinho, irmão e amigo Aladje.

Escrever cada linha desta nota é para mim um exercício difícil. O Braima Mané (Aladje, para os amigos e próximos) era um irmão mais novo, um amigo e vizinho desde sempre, as casas dos nossos pais estão germinadas, no bairro Chão de Pepel-Varela, na Rua: Marien N'Guabi. 

Vi o Aladje a crescer e tornar-se menino, depois adolescente e mais tarde um jovem com responsabilidade e estudioso. Enquanto miúdo era bondoso e neste momento faltam palavras para definir o geito manso de Aladje. Tímido, sempre com os olhos olhando para o chão, parecia que procurava algo e, não encarava as pessoas. Entre todos os irmãos, filhos do já falecido Sadja Mané (antigo funcionário da Câmara Municipal de Bissau e do Ministério das Pescas) o Aladje tinha uma candura especial. Tinha uma maneira única. 

Soube em 2010 que o Aladje concorreu e ganhou uma bolsa de estudos para o Brasil, onde estudou numa primeira fase no curso de Ciências da Computação, depois transferio-se para Ciências Econômicas, o malogrado estava na última etapa da sua formação, pois este semestre iria defender a monografia.

Graças a benevolência das autoridades brasileiras e da Universidade Federal de Ouro Preto, combinada com a intervenção da Embaixada da Guiné-Bissau no Brasil e da Direcção Geral das Comunidades, ao esforço titânico do irmão mais velho do malogrado Ansumane Mané (Ansu), que também estuda no Brasil, das irmãs mais velhas Yandin, Alimatu (Inglaterra), dos irmãos Aua e Pipi em Lisboa, dos amigos e colegas no Brasil, do incansavél tio Mamadi Cassamá, inspector na Direcção Geral da Migração, consegui-se que a mãe do Aladje, Mafanta Cassamá pudesse dar o último adeus ao filho.

Peço a Deus que dê o eterno descanso ao meu mano mais-novo, e que a família esteja abençoada de coragem e força ao receber a urna sem vida do jovem estudante guineense no Brasil, Braima Mané (Aladje para os chegados).