Braima Mané (Aladje)
Amanha (sexta-feira) no voo proviniente de Lisboa, da companhia Euroatlantic, chega em Bissau os restos mortais do meu vizinho, irmão e amigo Aladje.
Escrever
cada linha desta nota é para mim um exercício difícil. O Braima Mané (Aladje, para
os amigos e próximos) era um irmão mais novo, um amigo e vizinho desde sempre, as casas dos nossos pais estão germinadas, no bairro Chão de Pepel-Varela, na Rua: Marien N'Guabi.
Vi o Aladje a crescer e tornar-se menino, depois adolescente e mais
tarde um jovem com responsabilidade e estudioso. Enquanto miúdo era bondoso e neste momento faltam palavras para definir o geito manso
de Aladje. Tímido, sempre com os olhos olhando para o chão, parecia que procurava algo e, não encarava as pessoas.
Entre todos os irmãos, filhos do já falecido Sadja Mané (antigo funcionário da
Câmara Municipal de Bissau e do Ministério das Pescas) o Aladje tinha uma
candura especial. Tinha uma maneira única.
Soube em 2010 que o Aladje concorreu e ganhou uma bolsa de estudos
para o Brasil, onde estudou numa primeira fase no curso de Ciências da Computação, depois
transferio-se para Ciências Econômicas, o malogrado estava na última etapa da sua formação, pois este semestre iria defender a monografia.
Graças
a benevolência das autoridades brasileiras e da Universidade Federal de Ouro
Preto, combinada com a intervenção da Embaixada da Guiné-Bissau no
Brasil e da Direcção Geral das Comunidades, ao esforço titânico do irmão mais
velho do malogrado Ansumane Mané (Ansu), que também estuda no Brasil, das irmãs
mais velhas Yandin, Alimatu (Inglaterra), dos irmãos Aua e Pipi em Lisboa, dos
amigos e colegas no Brasil, do incansavél tio Mamadi Cassamá, inspector na Direcção
Geral da Migração, consegui-se que a mãe do Aladje, Mafanta Cassamá pudesse dar
o último adeus ao filho.
Peço
a Deus que dê o eterno descanso ao meu mano mais-novo, e que a família esteja
abençoada de coragem e força ao receber a urna sem vida do jovem estudante
guineense no Brasil, Braima Mané (Aladje para os chegados).