Fonte: Económico
Operação em Cuba leva mais de dois anos e meio, tendo
envolvido o levantamento sísmico, a identificação e a deteção de locais de
ocorrência de hidrocarbonetos.
A petrolífera Sonangol arranca em 2016 com a primeira
perfuração nos blocos que detém em Cuba, anunciou hoje o presidente do Conselho
de Administração da empresa angolana, que também admitiu como perdido o
investimento feito no Iraque.
Francisco de Lemos José Maria falava em conferência de
imprensa, em Luanda, negando a alegada "bancarrota" da Sociedade
Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), transmitida por "artigos de
opinião" e notícias nas últimas semanas, e que davam conta igualmente do
desinvestimento no modelo operacional internacional da petrolífera.
"Continuamos a desenvolver as nossas atividades
que culminarão com o primeiro poço de pesquisa na república de Cuba no segundo
trimestre de 2016", disse o administrador da Sonangol. A operação da Sonangol em Cuba - aliado histórico do
Governo angolano -, onde detém os blocos M23 e N33, leva mais de dois ano e
meio, tendo envolvido o levantamento sísmico, a identificação e a deteção de
locais de ocorrência de hidrocarbonetos, bem como a realização de estudos
adicionais.
Apesar das dificuldades que o setor enfrenta, devido à
quebra da cotação internacional do barril de crude, o administrador garante que
a estatal angolana vai manter todo o plano de investimentos para este ano e que
"as operações internacionais decorrem normalmente", através das
subsidiárias da Sonangol no Reino Unido, Estados Unidos e Singapura. "As três em conjunto priorizam, simultaneamente,
a manutenção da nossa quota de mercado, quer no mercado chinês, quer no mercado
indiano, onde a concorrência é muito forte, principalmente por parte dos países
que se encontram muito mais próximos geograficamente", disse Francisco de
Lemos.
Questionando pela Lusa sobre o investimento de quase
38 mil milhões de kwanzas (276 milhões de euros) relativo a gastos com bónus de
assinatura, prémios de adjudicação e custos de exploração e avaliação em campos
detidos no Iraque, o administrador confirmou a sua perda potencial e uma futura
tentativa de venda dos ativos, após a "estabilização".
"Por força das regras e dos procedimentos da
valorização dos investimentos, o nosso investimento no Iraque foi dado no ano
passado como [totalmente] perdido", admitiu.
A Sonangol tem licenças para explorar os campos de
petróleo Najmah e Qayara desde 2009, mas a falta de segurança nessas áreas,
devido à atividade de grupos ligados à rede Al-Qaida, afetaram esses
investimentos.
Ainda no plano internacional, a Sonangol afirma manter
normalmente as operações e atividades que já vinha a desenvolver no Brasil e na
Venezuela. Em Angola, o presidente do Conselho de Administração
garante que a prioridade no segundo semestre de 2015 - enquanto concessionária
estatal da atividade petrolífera - passará pela conclusão do processo da
licitação das novas concessões petrolíferas em terra, com a publicação
"para breve" dos termos de referência, num concurso para o qual estão
pré-qualificadas 62 empresas privadas angolanas, revelou Francisco de Lemos.
As reservas de petróleo em Angola estão avaliadas
entre 3,5 mil milhões de barris (categoria de provada) e 10,8 mil milhões de
barris (categoria de provável). O país é o segundo produtor da África subsaariana,
tendo aumentado a produção em 12%, em termos homólogos, no primeiro semestre
deste ano, para mais de 1,7 milhões de barris de crude diários.