terça-feira, 2 de novembro de 2010

Muitos aguardam pelo próximo livro…


Destino de Dubianká

Invariavelmente, todos os domingos, à hora da
morte do sol, anunciada pelo crepúsculo, testemunhávamos
o nocturno despertar. A noite que chegava embrulhada
num manto do fantástico, ocultando mistérios insondáveis,
era animada pelas fábulas e estórias com heróis de
nomes sonantes cujas aventuras navegavam no nosso
incomensurável imaginário”.

(…)

Depois do meu sonho, veio a notícia. Falava-se de
uma grande revolta na tabanca de Dubianká. Falava-se
de uma criança-régulo que inicialmente dera esperanças
ao povo, mas que se revelara o mais déspota de todos
os governantes que tinham passado por aquelas bandas.
A revolta crescia a par da fúria do régulo, hoje, jovem de
tenra idade e grande ganância. As notícias que chegavam
arrastavam rumores de que Desejado de Dubianká estaria
agora a ser assombrado pelo espírito do pai, Malam Bá,
que sentia que a sua herança não fora honrada, que a sua
memória fora apagada por um filho egocêntrico que não
amava o seu povo. O espírito de Malam Bá preparava-
-se então para um regresso. E teria escolhido como forma
humana o corpo de um sobrinho, Muniro Ali Bá, o homem
que assumia a revolta que recaiu sobre a tabanca. Os
habitantes rezaram em vão, pois a maldição voltou com a
guerra. A luta pelo poder na tabanca, essa, ainda continua”.

Excerto do Conto “Destino de Dubianká” in “Admirável Diamante Bruto”, de Waldir Araújo