sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Até Sempre Companheiro...


Hélder Vaz
Por: Hélder Vaz

Conhecemos-nos na escola primária, onde, sendo homónimos, partilhamos sempre a mesma carteira, até à 4ª classe. Fomos sempre mais do que colegas. Fomos muito amigos e irmãos.

Por isso, ao regressar à Guiné-Bissau, em 1992 , para me dedicar exclusivamente à acçao política, e estando o Hélder a lecionar na Escola de Péré, eu fui convida-lo para chefiar o meu gabinete no partido. E assim ficamos, lado a lado, mano a mano, lutando, até eu ter constatado e declarado, em Maio de 2004, que não existiam condições objectivas para se exercer atividade política com seriedade, partindo para um longo exílio voluntário. Só então nos apartámos. O Hélder significava para mim, o meu "alter-ego". A minha presença era dispensável quando o Hélder estava presente. Nós não necessitávamos de usar palavras para falarmos um com o outro. Aqueles olhos eloquentes do Hélder diziam tudo, sem ele ter necessidade de usar a voz. Fomos sempre cúmplices desde meninos .

O Hélder Saldanha, sempre calmo, calado, matreiro e gozão, e eu sempre irrequieto, falador e brincalhão. Eramos duas faces da mesma moeda. Sem ele a minha vida sofrerá um vazio enorme, porque não creio que vá encontrar tao cedo quem me entenda sem necessitar de palavras , como o Hélder . O Hélder era a eficácia discreta. E quanto ele merecia ser parte , sempre discreta , deste esforço titânico em que voltamos a estar empenhados, de alma e coração. Eu estou a imaginar quanto ele amaria participar na organização desta campanha em preparação; como ele iria , calmamente , organizar a logística nas regiões e setores; como ele manteria a calma olímpica , que o caracteriza, perante a azáfama dos militantes em polvorosa.

Eu sabia que com o Saldanha não haveria agitação e as missões seriam sempre cumpridas com rigor. A partida prematura deste meu irmão, camarada, amigo e cúmplice das brincadeiras de criança, deixa a minha alma e a minha vida definitivamente mais pobres. Que Deus lhe conceda Eterno Descanso, em Paz e com a Alegria de ver Triunfar a Causa e os Ideais pelos quais ele lutou com denodo e paixão. Até Sempre , meu Eterno e Muito Fiel Amigo. Nós, os teus , nunca mi te esqueceremos e recordar-te-emos com o Orgulho de termos partilhado a tua amizade. Com dor de te saber longe, ter-te-ei no coração aqui perto. Que Deus te acolhe e conforte em Seu Regaço de Luz. Até Sempre Companheiro.

                                                                Hélder Saldanha
Nota de Rodapé


Tomei liberdade de publicar este belo texto do mais-velho e tio Hélder Vaz, num testemunho sentido, devido ao falecimento do homônimo (chara para os leitor@s brasileiros) Hélder Saldanha. Emocionado, não me atrevo a alongar com mais palavras. Peace!!!