Por: Redacção (http://www.odemocratagb.com)
A história
política deste país foi e continua a ser forjada no custo de arrogância e
protagonismo. Os actores da vida pública nacional, ao longo da trajectória do
nosso Estado, não fizeram mais nem menos que embarcar no comboio de intrigas
inúteis. E querem que o martirizado povo esteja pronto a gritar “viva” a medida
que o comboio avance. Ninguém duvida que este país apesar de enorme
matéria-prima de que dispõe para se desenvolver numa década, permanece ainda
refém de pessoas sem grande consciência do interesse público.
A banalização das
frágeis instituições republicanas é cada vez insuportável aos olhos do cidadão
comum, impaciente de assistir ao virar da página, desejoso de ver o seu país
avançar no caminho da paz, da reconciliação, do trabalho, da investigação
científica, da descoberta. Cada dia que passa em cima do sonho do cidadão comum
guineense paira nuvem de incerteza alimentada por indivíduos que pensam deter a
legitimidade de fazer e desfazer, de arrumar e desarrumar. As actuais tensões
entre os detentores dos órgãos de soberania, constituem prova mais de que
evidente de que a chamada “elite dirigente” nacional deste país está longe de
perceber o sentido da democracia que é o equilíbrio e a partilha do poder.
Na democracia
ninguém é detentor do poder absoluto. Na democracia não há lugar para intrigas.
Um dos princípios básicos do jogo democrático reside na garantia da pluralidade
de opiniões mas sempre na estreita observância das leis. A legalidade,
alicerçada no culto de diálogo permanente desempenha as funções da coluna
vertebral na saúde de qualquer democracia. Seria uma mera hipocrisia ignorar a
crise institucional há meses instalada entre os dirigentes máximos do nosso
Estado, nomeadamente Presidente da República José Mário Vaz, líder da
Assembleia Nacional Popular Cipriano Cassamá e Primeiro-Ministro Domingos
Simões Pereira. Os últimos desenvolvimentos (através de chuva de comunicados)
demonstram claramente o impasse patente que se vive neste momento.
Independentemente
da explicação que se pode fazer aqui e acolá, aliás uns já têm vindo a evocar
as lacunas constitucionais como fonte de tensões, o nosso entendimento é que
esta República carece de homens de Estado comprometidos com o povo! Verdadeiros
dirigentes de Estado recorrem sempre ao diálogo, diálogo franco e sincero, como
arma para a resolução de qualquer que seja problema. Infelizmente, isto não tem
sido caso até hoje. E como cantou o outro “fidju di guiné ossa mortu i medi
bardadi”, é mais fácil ao dirigente guineense pegar em catana para destruir o
adversário do que usar a inteligência e argumento para cavar o caminho do
bem-estar colectivo.
O culto de
“matchundadi,” associado ao protagonismo cego, está a destruir completamente a
confiança e entendimento em construção e adiar mais uma vez a esperança de ver
este país a dar um salto qualitativo no horizonte do progresso.
A verdade é que
cada um desses protagonistas não consegue ultrapassar o seu perímetro de relacionamento
e estender a mão para o diálogo. Em nome de orgulho e mesquinhez, cada um quer
provar ao outro que é dotado de maior grau de inteligência ou ainda que possui
maior dose de coragem. Esta é a forma como este país tem funcionado há mais de
40 anos!
As instituições
em vez de serem verdadeiramente republicanas e máquinas de mudança social,
limitaram-se em meros clubes de propagandas politiqueiras. Os detentores dos
órgãos de soberania em vez de vestirem casacos de servidores de Estado
sentem-se antes de mais proprietários desses mesmos órgãos. Este tipo de
atitude terá dificuldade em florescer doravante porque a opinião pública,
embora lentamente começa a madurecer-se. É bom que os nossos actuais dirigentes
que, há menos de um ano, propagaram em todos os cantos do território o slogan
de estabilidade, consensos nacionais, desenvolvimento e bem-estar para todos os
filhos desta terra, saibam que o povo não está a dormir. Aliás, o próprio povo
não tem razão nenhuma para estar a dormir. Deve tomar conta do seu destino
colocado em totoloto.