terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Um adeus ao bravo Nalu...

Engenheiro Carlos Silva (Pepito)

Fiquei sobremodo consternado com a notícia da perda deste nobre filho da Guiné, pelo exemplo de dignidade e trabalho oferecido ao Povo martirizado da nossa terra. Comecei a admira-lo há mais de 20 anos, cito-o frequentemente como sendo mola propulsora, para o meu destino profissional. A sua inegável fidelidade na luta pelo desenvolvimento e melhoria de condições de vida para os "filhos de Deus menor" da Guiné-Bissau, e a sua firme determinação, coragem e destemor, ficarão gravadas para sempre na minha memória e de todos daqueles que tiveram a oportunidade de estar por perto ou trabalhado com o Pepito!!! Essa é a imagem que guardo do bravo "Nalu" branco m'pélele. Um homem batalhador e honrado na luta sem esmorecimento, pelos seus objetivos. Descanse em Paz, Homi-garandi (Homem Grande) e um forte abraço de coragem a toda a família em especial a filha, Pepas, minha colega de infância...
Notas biográficas recolhidas pela NET
Fonte: LUSA
Morreu o guineense Carlos Schwarz, diretor da Ação para Desenvolvimento

O guineense Carlos Schwarz, diretor executivo da Ação para Desenvolvimento (AD), morreu hoje, em Lisboa, segundo noticia a própria organização não-governamental, na sua página na internet.

Mais conhecido como "Pepito", nascido em 1949, Carlos Schwarz foi deputado à Assembleia Nacional e ministro do Equipamento Social no governo de unidade nacional guineense, após o conflito político-militar de 1998/99.
Nos primeiros anos da independência da Guiné, foi coordenador do DEPA (Departamento de Experimentação e Pesquisa Agrícola), instituição do Ministério da Agricultura, que promoveu as boas práticas agrícolas junto da população camponesa.
Engenheiro agrónomo de formação, "Pepito" fundou a AD para combater a fome e promover a cidadania e o desenvolvimento, sobretudo das populações mais rurais.
Neto de judeus polacos que sobreviveram ao gueto de Varsóvia e filho de um jurista guineense nacionalista preso pela polícia política do Estado Novo (PIDE), Carlos Schwarz era também um dinamizador cultural, tendo fundado rádios comunitárias, em cujos estúdios descobriu e gravou novos talentos musicais guineenses, e também a inovadora (para a região) televisão comunitária de Klelé, nome de um dos bairros de Bissau.
"Viveu e lutou pelos seus ideais, princípios e valores. Viveu e morreu como um ser livre", assinala a organização que fundou, que considera "imenso e ímpar" o seu legado.
Fonte: João Tunes, no blog Agualisa
Engenheiro agrónomo nascido na Guiné-Bissau, com ascendências que misturaram sangues das mais variadas origens (caboverdiano, português, judeu, polaco) e que para a Guiné-Bissau regressou, quando jovem licenciado pelo Instituto Superior de Agronomia (Lisboa), para se dedicar à causa do desenvolvimento das populações do país que o viu nascer e que ele ama entranhadamente, sendo tão difícil, ali, onde a pobreza e o atraso dos povos se casaram com o desleixo, o gangsterismo e a corrupção (muitas destas maleitas são o que sobrou das terríveis experiências do “marxismo-leninismo africano”), resistir aos desenganos. E nota-se que, para resistir e persistir, Carlos Schwarz da Silva (“Pepito”, assim lhe chamam os amigos) ainda se ilumina no exemplo e na obra (incompleta, porque interrompida por Spínola, a PIDE e a traição de alguns dos “seus”) de outro agrónomo guineense, Amílcar Cabral. 

Eng. Pepito

Partilho também convosco, amigos leitores, alguns e-mails trocados com o mais-velho Pepito, em 2009, quando preparávamos para apresentar no concurso DOC-TV, o documentário “Vozes da Esperança” que seria um retrato da origem e o papel das Rádios Comunitárias na Guiné-Bissau, onde ele foi um dos precursores. Existem muito mais correspondências com o Eng. Pepito, desde a minha inclusão entre os membros do conselho consultivo da RENARC, cargo que de forma elegante me obrigou a aceitar, até algumas reflexões políticas. Quando comecei com este projeto Ordidja foi dos poucos que encorajou a iniciativa e fez um comentário num dos post.  
Amigo Helmer

Parabéns por esta vossa iniciativa.
Dá-nos coragem ver pessoal mais novo a avançar com iniciativas portadoras de inovação e sucesso. Contem comigo para TUDO.
Segue:
» relatório da Renarc de 2007-08: segue noutro anexo

Abraço

Pepito 

Quando não fomos selecionados no concurso e o testemunho das nossas correspondências:
Car@s amig@s,

Aqui estou de volta, para dar as ultimas informações, sobre o concurso DOC-TV

Como previsto no regulamento, no dia 16 do corrente, foram anunciados os três projectos que irão concorrer na defesa oral…

Entre os escolhidos, não figura para o meu desalento, o projeto “Vozes de Esperança”

Portanto o júri decidiu, está decidido… Envio no entanto o e-mail, dos resultados e a impressão dos júris… Só não percebi se o projeto foi tido como documentário ou como reportagem…

Posto isto, reafirmo aqui, que vou continuar com este projeto, sem duvida haverá tempo para incluir, algumas perspectivas que já no projeto inicial havia, mas pela falta de tempo não deu para incluir…Caso do Eng. Porfírio (o único engenheiro que fazia os estudos técnicos, para atribuição das licenças de emissão…)

Vou incluir o Instituto de Comunicação da Guiné (ICG) entidade pública que coordena a área da comunicação no país e o Eng. Pedrinho, será o homem que nos fará o panorama das exigências estatais para implementação de um projeto de Rádio Comunitária, já o tinha contato, mas só que não tinha os plenos poderes, para autorizar o “direito de imagem” …

E mais pessoas que estiveram também ligadas ao surgimento e fortalecimento das Rádios Comunitárias na Guiné, a saber: Eng. Sambu Seick (ex-SWISAID)  e Ladislau Robalo (INFORMORAC)… Numa semana apenas para montar a versão que foi remetida ao concurso, não foi possível contactar todas estas pessoas, uma vez que era necessário os “direitos de imagem” uma exigência fundamental no concurso…  

E claro estarei aberto às opiniões e sugestões que queiram partilhar, para um olhar mais “alargado” sobre este projeto…
Agradeço mais uma vez à todos que contribuíram e se empenharam para que conseguíssemos concorrer e só isso, valeu a pena…

OBRIGADO…
     
Um abraço fraterno a todos…

Mantenhas

Helmer Araújo

Mensagem mais uma vez encorajadora do Eng. Pepito

Caro Helmer

Também para mim foi uma decepção a não aprovação do teu projecto.
A curta explicação não me convence. Parece que o júri foi para os casos que estão na moda (ambiente, mulheres, etc.) e muito baseados em pessoas individuais, do que em inovações colectivas e portadores de futuro.
Critérios.....

Vamos continuar.
Abraço e Força!

Pepito