quinta-feira, 3 de maio de 2012

Boa Chance

Liberdade para o nosso CHÃO

A libertação dos dois “altos dirigentes” Raimundo Pereira e Carlos Gomes Jr. da nomenclatura anterior, que se tornaram passado, depois do golpe militar de 12 de Abril, foi um sinal extremamente positivo! Pela terceira vez (contando com os golpes de 1980 e 2003) no nosso pequeno trajeto, enquanto país houve um golpe de Estado, em que se poupou a vida do Presidente e do (neste caso particular) Primeiro Ministro. E isso, temos que reconhecer que é um passo à frente, pelo respeito à Vida, e embora este golpe militar seja condenável, acredito na tese da autodefesa dos militares.

Acredito que este gesto dos militares guineense, vem reforçar o papel de guardiões do nosso chão e, de “militantes armados” (parafraseando Amílcar Cabral) da nossa Nação. Aceito a interpretação de que os militares na Democracia devem submeter-se ao poder político, aceito também que eles não se devem imiscuir na política, mas convenhamos, na Guiné-Bissau, sempre se deu mal, os que menosprezaram os homens das casernas e mais, chegando-se ao ponto, desta vez, de lhes tentar subjugar e provavelmente atacar, com uma força estrangeira. Não é a primeira vez que se tentou isso, mas desta vez, os militares foram mais rápidos e perspicazes e jogaram na antecipação, segundo a versão defendida por eles. Estou em querer que com isso pouparam não só as suas próprias vidas, mas também há de muitas pessoas inocentes que tombam normalmente, quando há conflitos militares.

Num olhar voltado aos dias que correm, faço a seguinte interpretação:

Fracassou o encontro de domingo último na Gâmbia, e tendo em conta algumas fontes, o presidente déspota gambiano Sheikh Alhajl Ahya Jammeh, tentou ridicularizar os participantes, com atitudes perversas, senão vejamos:

1 – Recebeu-os em separados numa tentativa de aprofundar a divisão e tirar logro da situação. Nunca estiveram todos no mesmo espaço de negociação;

2 – Tentou fazer bluff durante todo o processo – ora dizia que um grupo tinha dito isto, ora reforçava que o outro grupo aceitou uma proposta, ou seja, tentou-os baralhar para reforçar a falsa impressão, juntos aos demais membros da CEDEAO de que os guineenses definitivamente não se entendem;

3 – Foi uma tremenda tentativa de falta de respeito, das pessoas envolvidas neste processo de reconciliação entre guineenses, de um indivíduo que de Democracia tem pouco para dar, sendo mais objetivo diria até que praticamente não tem nada para dar, e mais, sabe-se e bem, que está aos serviços dos interesses angolanos;

Num olhar voltado ao dia de hoje:

Acredito que não irá fracassar o encontro ou a mini-cimeira de Dakar, senão vejamos:

1 – O grupo que está a trabalhar a questão de reconciliação, já tem uma base consistente e teórica escrita (trabalharam até às 6 horas da manha de ontem), tendo sido aprovada uma conclusão signatada pelas delegações que compuseram a negociação na Gâmbia;

2 – Essa conclusão já foi entregue ao gabinete das Nações Unidas em Bissau, ao gabinete da CEDEAO e foi remetido a presidência que está a preparar a Cimeira;
3 – Todos os esforços das diplomacias de Portugal e Angola (os que querem a guerra a todo custo) que fizeram de tudo para participar nesta Cimeira, fracassaram;

4 – Tanto o Presidente Interino Raimundo Pereira, como o Primeiro Ministro Carlos Gomes Junior, estão em Dakar, é um facto mas acredito que não será para voltar ao poder, como muitos querem pintar, mas sim, para assinarem as respectivas Cartas de Renuncia;

E mais não digo, até a conclusão da Cimeira...

Estamos perante uma BOA CHANCE de a Guiné-Bissau se erguer, sem “testas de ferro” do passado ou pessoas comprometidas com muitas acusações de cabalas e assassinatos.

Estamos perante uma BOA CHANCE de reorganizar, reformar e quiça, refundar as Foras Armadas e toda uma sociedade que nos últimos anos se tornou refém de uma nomenclatura autocrata. (Autocracia: Forma de governo na qual um único homem detém o poder supremo).

Estamos perante BOA CHANCE de se reorganizar a CNE e com recenseamentos eficientes e biométricos, partirmos para às próximas eleições Justas, Transparentes e Democráticas;

Quase todos conhecemos de cor e salteado, o perfil político e o guião das representações, e de todas as personagens do teatro político em cena. Na verdade, cada um de nós sabe, quais são os divisionístas que se acovardaram e as escondidas vão tentando dividir cada vez mais o Povo guineense.
Este Chão e esta Bandeira nos une!!!

BOA CHANCE, GUINÉ-BISSAU...