sexta-feira, 22 de outubro de 2010

As confissões dum General

Juan Esteban Verastegui (Foto: UE)





Notícia: UE/ Guiné-Bissau

Fonte: Lusa

“UE não vai a regressar ao país depois do "fiasco" da sua missão ” Esteban Verastegui

A UE não vai restabelecer uma missão na Guiné-Bissau depois do "fiasco" em que terminou a presença no país e porque vários dos 27 consideram que foi um "esforço perdido e sem resultados", afirma o ex-chefe dessa missão."Foi um fiasco porque acabámos mal. A UE saiu do país, a missão fechou e a nova não arrancará. E mesmo que tenhamos feito alguma coisa, não fizemos mais que o primeiro capítulo de um longo processo", diz à Lusa Juan Esteban Verastegui.
“Exagerar a dimensão do problema do narcotráfico danifica imagem do país” Esteban Verastegu
 
O exagero da dimensão do problema do narcotráfico da Guiné-Bissau, um problema "real e pernicioso", está a danificar a imagem externa do país e a condicionar a vida política e o desenvolvimento interno por ser "uma ameaça constante". A opinião é de Juan Esteban Verastegui, o general espanhol que até maio comandou a missão da UE para a reforma do setor de defesa e segurança no país e que, em entrevista à Lusa, admite ter "uma visão muito particular" sobre o problema da droga na Guiné-Bissau.
"A droga é perniciosa porque existe, claro, mas também porque se diz que existe. Estamos num cenário onde não se sabe bem a dimensão, exatamente quem joga e como joga, e onde se multiplicam as acusações mútuas", afirma à Lusa, em Madrid.


Texto de Opinião

Sukuru di tempu di Tchuba!*

 “Quando a liberdade irrompe numa alma humana
    os deuses deixam de poder seja o que for contra
                                             esse homem” Jean-Paul Sartre


“Nô sinta na sukuru djintis na djimpininu”
Cobiana Djazz


Saltou-me a vista da memória, o primeiro título “Cuspidos pela Cabula da vida…” do primeiro conto que escrevi há anos. Depois pensei – cuspir não! Sempre me disseram e aconselharam, que era um acto muito feio. Cuspir para o chão. Isso é coisa que se faça? Aliás alguns amigos mais velhos, que confessei ter escrito um conto, que nessa altura já tinham viajado o mundo e passado por Genebra, diziam-me logo – os suíços são tão asseados, que dá multa, nesse país, se a autoridade “mauxima” (empresto esta expressão, duma das séries cómicas de um dos maiores humoristas brasileiro, o Chico Anysio) mas dizia, se os polícias de ordem pública, apanhar, um sujeito a cuspir para o chão, na via pública.

Foi daí que tirei o “Cuspir” e só coloquei “Cabula da Vida…” e quando decide que fosse como tinta para o papel, ficou intitulado “Kabula da Vida”; dando-o a grafia africanamente escrevendo, daqueles meus vintes e poucos aninhos. Talvez um dia, com mais paciência vou botar fora, e o leitor poderá ler o que bolei nessa altura. Mas sobre Suiça e Genebra, lembro-me duma das maiores, “ficções” com que se enganou ao pobre do nativo guineense (deixa ser bolado de graça) que foi esta, aqui vai:

“Guiné pode ser a Suiça da África Ocidental!!!”

Não sei onde estava com a cabeça, esse humano ser, e irmão claro, quando inventou esta analogia, duma cabula de existência, de sociedades, para enganar o nativo da Guiné. Transformar à Guiné num país como Suiça, é uma cábula mal pensada, em todos os aspectos. Isso não é utopia. Nem de sonho se trata. Mas sim é o conceito do oásis-zando (veio agora esta expressão, não confirmo se existe ou não na língua lusa)!

De certeza estavam, no deserto de ideias e das ideias, e houve aquele instante em que o Sol está no pique. E foi o sol, que lhes bateu tanto na cabeça, que viram a tal oásis (retiro o verbo “enganar” que é feio), que lhes fez ludibriar o guineense, para que esse um dia deixa-se, de ser guineense politicamente, economicamente, socialmente e culturalmente falando, para passar a ser, suíço aquele com paciência de colocar, peça por peça, as maquinetas do relógio, logo pontual, guardam das maiores fortunas mundiais (e mais) são bons a fazer chocolate!

Isso é política? Na minha opinião isso é malabarismo sobre o conceito da revolução Cultural, que foi a primeira razão, invocada para o avanço para a primeira Guerra Política, feita na Guiné, e que nunca mais parou-se de se fazer! Portanto, passar bem, sobre questão de “politiquices” no sentido virtual. Pela Cidadania, todos somos hoje, autoridades! A Guiné não é e não pode ser mostrado, como um “sítio de pica-pau” de sangue.    

É ou não é mais fácil, perceber as consequências, de uma situação política catastrófica, do que perceber as suas causas? Todos sabem que é muito difícil que faça sentido, algumas situações, sobretudo quando participamos nela. Nós estamos a participar em séries de episódios, duma realidade marcada pela guerra constante para o acesso ao Poder e não “Puder não é querer” ou “Poder não é querer” olha já nem me lembro mais qual é a frase que foi proferida, pelo representante máxima, ator principal na representação política dos guineenses. Por isso se muitos deixarem-se, levar pela cantiga da Suiça, e muitos, espalharam pelos quatro cantos do Mundo, esta crença, não faço parte desses muitos! A partir de hoje, toda vez que ler sobre este assunto, vou-me rir a farta e ironizar!    

Mas escrevia lá mais a cima, que estou de volta porque, decide criar este Blog: Ordidja – aquele acessório que nenhuma cabeça lúcida de mulher/homem, dispensa para carregar algo. É utilizada em todo continente maciço, e sua utilidade, atravessa África, de uma ponta a outra. O continente inteiro e os insulares, claro. Em cada lugar tem um nome. Na língua crioula da Guiné, chamou-se-lhe Ordidja, nome originário de provavelmente do português rodilha. Ordidja: prova lúcido de que a união é forte! Por isso é redondo (circular)!

Mas voltei também aos textos de opinião, porque um general que comandou uma operação na Guiné, reconheceu, um FACTO que escrevi a meses atrás! Da desastrosa missão, pilotada pelos parceiros de “Tango” não, das “Touradas” em que pela coragem, se denota de longe que é um homem, que enfrenta “o touro pelos bois” e sendo espanhol, logo latino, falou de perto aberto. De Bissau, responderam-lhe com “Diplomas” que foram aprovadas, só escrevo mais isto: Esses “Diplomas” são de ouro, não são, Kapo?

A segunda questão desta passagem da entrevista, que escolhi para comentar é sobre, o coro, de gente que tem focado a questão do Narcotráfico (mera consequência) como fonte de todos os nossos males. Toda esta pressão exclusiva, sobre o assunto do Narcotráfico padece do óbvio: CAUSA!
Foi a partir destas confissões do general, espanhol, Juan Esteban Verastegui, (que aproveito desde já para reconhecer muita admiração pela coragem), onde ele assinala o tremendo “fracasso” da missão que comandou, isto porque penso, que existirá um dilema enorme naqueles que de forma superficial, têm feito abordagens, na maior parte das vezes, sem provas cabais, e de tanto bater no assunto, que o nativo volta a seguir, e pela estória isso é característico, dos fazedores da teoria da “Justiça Final” típico dos “apóstolos da desgraça.”
A duas semanas atrás, escutei alguém dizer, cito: “típico do guineense” estas palavras, ecoaram com tanta certeza, que disse-lhe talvez tenhas razão. “O guineense não esgota qualquer um” chutou “el general”, esta passagem da entrevista de foi utilizada pela RTP-África. Esquecem-se eles que o guineense está sim, a ser enganado, ou melhor está a deixar-se enganar, por alguns ficcionistas, todos os dias, pois eles acreditam, que podemos vir a ser em vez de Suiça, Sicília, enganaram-se por causa do, S.  
Não espero como é lógico, que esses mesmos “apóstolos” arquem, com as consequências do mau nome, que a Guiné-Bissau já ganhou, não! Desaconselho apenas as dificuldades de alguns, em lidar com o tempo. Não castrem o futuro, da Guiné, com justificações patrióticas gastas, em tempos muito curtos. Pois todo o guineense visualmente culto assimila, que muitos não passam de protagonistas da linha dura, daqueles que nos meteram nesta escuridão onde estamos sentados! E vão e vêem, não entram, apenas nos espreitam nessa escuridão. Espero não ter cuspido para o chão, com estas palavras, pois não? Se pretender seguir o Blog, colabore com a sua opinião ou seu comentário, que serão sempre será bem-vindo, falarei do logo no próximo post. Ok! O dia está a nascer lá fora, a “luz silenciosa” majestosamente está a nascer! Vou lá ver. Intermitências para quê? Luz bai, Luz bim… Isso é só na Guiné!  

*Escuridão da época da chuva (tradução) – “Nô sinta na sukuru djintis na djimpininu”  Cobiana Djazz

Tente escutar:

Time Will Tel

JAH would never give the power to a baldhead
Run come crucify the dread
Time alone, oh! time will tell
Think you're in heaven but you're living in hell
Back them up, oh not the brothers
But the ones, who set them up
Time alone, oh! time will tell
Oh children weep no more
Oh my sycamore tree, saw the freedom tree
Saw you settle the score
Oh children weep no more
Weep no more, children weep no more

                                                         Bob Marley