domingo, 26 de dezembro de 2010

IIª Parte Grande Entrevista com Celina Spencer

                   Celina Tavares Spencer


O – Com base na crítica que fez a anterior direção, prometeu um “Plano Mestre de Ação” para poder dinamizar e dar maior visibilidade à Associação, já está pronta esse plano?

C. S. - Sim,  já temos, o plano elaborado. Após a festa do Ano Novo que contamos realizar com a nossa comunidade e contamos ter connosco o artista Américo Gomes(por confirmar), começaremos a criar relações com outras organizações e entidades que poderão ajudar na elevação da nossa organização. 

No dia 22 de Janeiro, serão convidadas figuras representativas de outras organizações e demais entidades para o empossamento da direcção. Pretendemos antes da data do empossamento, fazer um debate no dia 20 de Janeiro, com um tema relacionado com o nosso líder "Amílcar Cabral", convidando figuras históricas e política da Guiné-Bissau e Cabo Verde, e pretendemos que seja realizado em Washington.

Manter relações estreitas com as outras organizações não governamentais nos Estados Unidos, mas principalmente nos PALOPs, criar uma representação junto às outras organizações guineenses nos outros países e na Guiné-Bissau. Criar uma website para todos os efeitos, conseguir uma Sede, para guineenses no Estado de Rhode Island e Nova York, lutar para a legalização ou pelo menos a obtenção de uma autorização de trabalho dos não legalizados, criar grupos culturais e gastronómicos, participar nas paradas do Luís de Camões, com a comunidade dos falantes do português, uma parada que se tornou um dos maiores eventos dos PALOPs em New Jersey e Massachussets.

Há uma necessidade de inclusão e integração comunitária, da nossa comunidade porque será através destas práticas relacionais, entre as Diásporas é que poderemos desenvolver mais ações. Finalmente pretendemos fazer uma adopção duma Tabanca na Guiné-Bissau.

O – No texto da sua apresentação “Razão Da Minha Candidatura!” debruça muito no papel de mulher e mãe, e na luta pela defesa dos seus filhos, enquanto Mulher, qual é a sua opinião em relação a questão do género no associativismo e na política guineense?

C.S. – A mulher para além do seu papel no trabalho doméstico, e de educadora, pode desempenhar trabalhos voluntários em qualquer comunidade, aonde esteja integrada. Essa experiência de administradora do lar, organizadora dentro da sua própria família, e na comunidade, transformou a mulher no vetor chave do desenvolvimento comunitário. Fazendo com que essas ações se objectivem para minimizar as dificuldades numa comunidade, acreditamos que isso vai permitir um ambiente mais saudável e prometedor nas sociedades onde estamos inseridos.

O associativismo como perspectiva democrática, permitiu as mulheres incorporar na vida política os valores praticados na família e na comunidade, tais como a tolerância, a perseverança, a disciplina,  valores esses que vai contribuindo em algumas mudanças. Somos as dinamizadoras do sistema de valores, para a disseminação de atitudes de tolerância e para a aceitação do princípio da igualdade de género.  Esse espírito maternal e os valores acima mencionados, poderão jogar um papel bastante importante na "União para a Mudança" que nós os guineenses, tanto necessitamos neste momento histórico da nossa sociedade em que se denota o puro egoísmo.

O – Qual vai ser a relação com as representações oficiais do país nos EUA?  

C.S – Criar e promover um relacionamento mais próximo, saudável e comunicativo, com as representações oficiais guineenses, como agentes do Estado, para que a nossa comunidade nos Estados Unidos se integre melhor na vida institucional, económica e politica deste País.  Há uma necessidade também de estreitar-mos as nossas relações, com as representações oficiais deste país que nos acolheu para sensibiliza-los para uma maior atenção para os diversos problemas no seio dos imigrantes guineenses, sobretudo na defesa e protecção dos cidadãos em casos mais complicados por exemplo: com relação a alguns aprisionamentos ou mesmo deportações.

Mas é fundamental que, as representações oficiais do nosso país de origem tentem aproximar mais da nossa comunidade, pois até hoje, não tem acontecido essa aproximação.

O – Em traços gerais, qual deve ser, para si o papel da Diáspora guineense nos EUA com relação à pátria?

C.S - A Diáspora guineense nos Estados Unidos da América deve envolver-se em actividades de remessas financeiras directas (através das transferências) e indirectas, para a Guiné-Bissau tais como: criando pontes para investimentos directos de capitais norte-americanos, promover iniciativas com apresentação de oportunidade de negócios oferecidas pela nossa terra criação de projectos para o desenvolvimento no nosso país. Pode-se ir aindamais longe por exemplo: criar empresas de promoção imobiliária, fundos de investimento em turismo, para ajudar no equilíbrio da economia e diminuir o défice da balança de transacções.

Os emigrantes guineenses, não devem ficar alheios a política no  nosso país. Há uma necessidade urgente de estruturar a integração dos emigrantes no sistema e vida político, faze-los participar nas eleições legislativas e presidenciais.
Devemos ser incentivados a participar nos órgãos da comunicação social, promovendo debates e entrevistas uma vez que, com a nova tecnologia à distância foi superada. 

Deve-se-nos (diáspora) reservar um espaço de participação nas organizações da sociedade civil. Os mecanismos informais de regulação social  triangular - Guiné-Bissau/Diplomatas/Diáspora - nos Estados Unidos de América não existe e isso reflecte na dispersão, e guetização de muitos guineenses.