quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

União Europeia suspende parte do apoio à Guiné-Bissau


(Se pensou que iria me calar sobre este título publicado desde o dia 2, aqui está a minha reação)

Fonte: FÁTIMA MISSIONÁRIA - Cristina Santos

No total, estavam reservados 120 milhões de euros para ajudar o país africano até 2013. Violações dos direitos humanos e tráfico de droga preocupam União Europeia

As autoridades guineenses terão de garantir o restabelecimento das condições de governação do país. Bruxelas deu a Bissau um prazo de 30 dias para a realização de consultas com os 27 países-membros da União Europeia. A assistência humanitária e o apoio directo às populações guineenses serão excepção na suspensão do apoio, tinha alertado, anteriormente, a União Europeia. No total, já reservou 120 milhões de euros do orçamento comunitário para ajudar a Guiné-Bissau até 2013.

Os chefes das diplomacias europeias manifestaram a sua preocupação perante a actual situação do país africano; pedem o fim da impunidade, o reforço da autoridade civil, mais estabilidade e o mantimento de reformas na defesa e segurança. Numa carta à autoridades guineenses, o Comissário Europeu para o Desenvolvimento, Andris Piebalgs, e a chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton, apontam para as violações dos direitos humanos «num contexto de um crescente tráfico de drogas», revela a emissora britânica, BBC.

Opinião

Fomos maltratados

Quando distraidamente queimamos o dedo, dizemos sempre qualquer coisa “feia” começado precisamente com a letra “f…” pois tal atitude parece aliviar a dor. No entanto essa interjeição não tem qualquer efeito na dor que recebemos. Explico-me: dizer que não se concorda não tira e nem alivia a dor, mas uma coisa é certa, sente-se melhor quando reagimos. A U.E. queimou à Guiné-Bissau, e vale a pena uma interjeição, com um “F…” maiúsculo. 

As informações circulam como boato e vão-se formando opinião. Em relação a informação da decisão antecipada da U.E, sobre a Guiné-Bissau, foi o boato que circulou como informação e depois deu no que deu. Não se cuidando aqui saber, se a responsabilidade foi de quem divulgou, ou de quem deu essa informação, o que é certo é que a U.E, acabou por sancionar à Guiné-Bissau na mesma, retirando pelo menos uma centena de milhões de euros, que deveriam servir para ajudar no “desenvolvimento”.

Não sendo falível (até porque a minha posição em relação a U.E, já se conhece), mas subtil, arrisco a considerar que, com parceiro de desenvolvimento como à U.E. não é preciso ter inimigo. E nem é preciso ser génio para chegar a conclusão de que com amigos destes, teremos sempre o presente sem Rumo e o futuro sem Cor. Mas vamos às constatações:

Iª constatação - O PR Malam Bacai Sanha, reagiu com cautela e aspereza. Bem-haja! Mas fundamentalmente tem muitas chaves nas mãos para uma boa resposta aos membros da União Europeia. Sem pretender escrever um “manifesto futurista” prevejo uma atitude firme e coeso do Estado guineense em relação a este golpe de teatro da U.E, e está na hora, ou chegado a altura de revermos toda nossa cooperação com esta organização nomeadamente no domínio das pescas.

IIª constatação - O conselho de ministros dos 27 que compõem a U.E, não foi nem brando nem piedoso na decisão, embora facilmente se pode chegar a conclusão de que, é uma decisão fora de prazo, tomada em mal-hora, se pegarmos o “golpe” de 1º de abril como pano de fundo, ou se quiser a espinha atravessada na garganta a U.E, e que não conseguiu engolir até hoje.

IIIª constatação - A U.E, foge da co-responsabilidade que teve no fracasso de todo o processo da reforma nas Forças Armadas e Segurança guineense. Embora esse mesmo fracasso tenha sido reconhecido publicamente pelo general espanhol Juan Esteban Verastegui (já tínhamos analisado na Ordidja esse facto) que esteve a conduzir todo processo.

IVª constatação - É triste e desagradável ver, um tratamento como este da U.E, com relação aos guineenses, onde se denota de longe, que tudo não passa duma assunção da sua própria incapacidade para dar volta à situação e ao problema onde esteve como conselheiro privilegiado, escolhendo este caminho lusco-fusco como percurso.   

Vª constatação - O catastrófismo em relação à Guiné-Bissau continua muito presente no pensamento da diplomacia europeia, isto porque se não é preciso uma lupa para diagnosticar que a nossa democracia é armada, também está claro e não são precisos óculos para enxergar que decisões intermitentes e dúbios com estes não ajudam em nada, se não em tentar fazer desaguar um turbilhão.

Dito tudo isto, apelo a vanguarda consciente, empenhada e disponível em mudar a imagem da Guiné-Bissau, que não se deixe ir abaixo por causa desta saída intempestiva ou ataque inesperado da U.E, e que sobretudo não aceite à farsa do lobo com pele de cordeiro da diplomacia portuguesa, que para além de pertencer este conselho é membro da União, e que apenas adotou uma tática de ilusionismo, ao quer parecer o salvador, na opinião pública ou melhor na opinião publicada. A pergunta sem resposta é: qual é a razão?

Atenção: o nosso país só será adiado, enquanto pretendermos, pois se este ano estamos a assistir revoluções impensáveis, nos países árabes ao Norte do nosso continente, onde a Tunísia foi um excelente exemplo a seguir, então minha gente mãos à obra! E sobretudo damos conta que o nosso regime não é tão intolerante, como se pretende pintar, quando olhamos então para muitos países, que gozam da mesma duração do processo democrático, damos conta que já demos alguns passos nessa matéria. Está claro que fomos maltratados pela U.E, numa altura que não esperávamos, e com cheiro a hipocrisia. Porquê que não tomaram esta atitude antes, como fizeram os americanos? Agora sejamos coerentes e tenhamos consciência de que, quem maltrata à Guiné-Bissau, maltrata o seu povo. E por favor não se esqueça que à Guiné-Bissau mais do que nossa terra é nosso chão. Paz e Bem!