Não fosse a chuva, a minha
conversa com o meu amigo galo de nome Bob, seria tomada pela noite adentro.
Conversamos de tudo, fizemos um verdadeiro diagnóstico, das mazelas da
sociedade guineense, começamos pela cultura, culinária, química, sentimentos,
paixão, economia, tempo, desporto, país, canseira, capoeira, governo,
corrupção, paz, rei, amor e terminamos na família. Gostei do argumento do meu amigo de que “a
nação estava a ponto de ser construída, necessitando, entretanto, de uma
modernidade moral.”
Contar aqui, o conteúdo ou suco
de cada um dos temas que citei, levar-me-ia a escrever um jornal no mínimo com
16 páginas. Resumindo, queixamo-nos especialmente da complacência da nação
em relação ao sustento das malhas dos boatos.
Tive uma tarde muito tranquila e
alimentada por frutíferas reflexões sobre as raízes das constantes curto-circuitos
políticos. Foi muito inspirador!
Ao regressar à Bissau, já passava
das 20h e 30m, nessa hora, a chuva tinha dominado por completo a atmosfera. Choveu
bem uns 30 minutos, à vontade!
Feito à rotunda do aeroporto,
notava-se que a estátua do AC estava limpinha. Mais uns 2 km de estrada, recebo
uma chamada:
- AlÔooooooooooo
(…)
Depois das mantenhas, e saudações
habituais a pessoa que me ligou, chutou:
Interlocutor: - bu sibi kuma, “tal
flano” prindidu???
- N’ka sibi bá!!! Kuma kê???
Interlocutor: - nudadi di bindi
passaporti…
Depois de um silêncio, dou conta,
que estávamos a passar em frente ao palácio do governo. Vejo as luzes da parte
central, todas acesas, estavam também muitos carros (4x4) estacionados, no perímetro
da entrada. Respondo finalmente ao meu interlocutor.
- Mbê, parci djintis di guvernu
na fassi horas extras, ahós!
Interlocutor: - pabia
- I purmeru bias kun na odja e na
tarbadja tê di noti…
Interlocutor: - tarbadja di
noti??? bardadi kampu kinti!!! Kkkkk
Calei-me…depois de um breve
silêncio, reparo que estamos a passar pelo antigo Hospital 3 de Agosto. Viro a
cara e dou conta que frente a Mesquita ainda estão as tendas do hospital de campanha
do reino de Marrocos. Nota-se que estão completamente encharcadas. Haja vista
sua grande lucratividade e considerável ganho político. E não fosse a chuva a
minha conversa ao telefone, desbocava para o enredo de uma peça de teatro grego!!! E dois seriam os seus principais ideais, o de
um país igualitário e justo.
- Falan dê, ntan marroquinos, bin
nan pa fika???
Interlocutor: - fala so si ±1
okupaçon silenciosa…
- Okupaçon kê??? n’kai ku
garassa: KKKKKKKKKKKK
Interlocutor - ma djintis di terra di homis di honra (burkinabes) ku ta bisia palácio na bai djanan...i mindjor nô papia dipus, barudju di tchuba,
nkana obi nada ku bu na papia…
Respondi de pronto - n’ka papia
nada (!) ami gossi n’ta papia só kil kun odja!!!
Desliguei o telemóvel, veio-me a memória
a minha conversa com o meu amigo galo de nome Bob, sobretudo, uma sapiência única mostrando que, o génio que criou o slogan deste governo não teve em conta apenas, a falsa originalidade, mas também uma
inteligência medíocre.
Porque se a expressão "terra ranka" era popular então como sublinhou o meu amigo galo de nome Bob:
Porque se a expressão "terra ranka" era popular então como sublinhou o meu amigo galo de nome Bob:
“Terra ranka, pa kai na iagu…”