terça-feira, 16 de junho de 2015

Sombra do pé




Calculo cada passo, por passo, da estrada velha de terra batida, com poeira cortante que abraça cada pedra, dos lugares. Estou com a cabeça olhando, ontem. Nessa estrada tem vaca atravessando com o bezerrinho e depois sumindo no meio do capim. Revejo, tudo!

Mais uma caminhada, os músculos descomplicam os movimentos, os ossos desentalam a inércia do esqueleto, conheço bem o chão que me espera. O amanhecer (sol mansi) só é certeza, porque beija o cacimbo da Guiné, e ficou, enamorado. Sei do que falo!

O sol acorda dêscasmurrado, como sempre. A madrugada se despede, lisonjeiramentando, o dia. O céu, esse, ainda tem marcas da saudade do amasso da noite, anterior. Andando para a frente, continuo! Chegou o momento de retomar a caminhada.  

Caminho com vontade de lutar, sem brigar, levando apenas comigo, a sombra do meu próprio pé transpirando, guinendadi. 

Caminho porque a hora é esta. Porque deixei de acreditar no destino e tampouco na coincidência. Se estou aqui, agora, neste exato momento, que escrevo, foi porque assim os irans, deuses, e mais entes da divindade querem e, com a minha última palavra, concordei por inteiro! Quem escolhe onde nasce?

Se estou preocupado(?), sim estou! Mas essa preocupação se tornou força! Se transformou em luta! Se mobilizou para a crença! E tenho uma única certeza, a vontade de escrever cada manhã, tem a mesma intensidade do saxô lançado na melodia do “No Agreement” da música do Fela Akuti.  

Caminho com vontade de lutar, sem brigar, levando apenas comigo, a sombra do meu próprio pé, transpirando guinendadi. 

E se me chamarem para marchar pela, Paz, Unidade e Estabilidade?

VOU!

Vou, porque tenho medo(?) que os boateiros da nossa praça ganhem, esta batalha!
Vou, porque tenho medo, aquele natural, que em todos provoca o friozinho na barriga.
Vou, porque tenho medo, de ficar calado, com o sabor fel do silêncio, sufocando, cada força e desejo de gritar, apelando a Paz, o entendimento e a liberdade!  

Ora, se me perguntar, e dos homens como vossemecê, tem medo?
Aí repondo-lho com a maior simplicidade.

JAMAIS!

Perdi esse medo, quando pela primeira vez encontrei, na estrada de terra batida, a barbaridade da injustiça. Quando captei pela primeira vez, na estrada deste chão, quanto é falho as leis criadas pelo mesmo homem (greco-romano), que goza e gozará sempre da mesma imperfeição, que carrego. Sem falar da lei deixada pelo luso, que no fado encontrou um canto guardado, para plantar a utopia do absinto.

Os que me conhecem bem (fora do âmbito virtual) sabem do que falo (escrevo)! E sossego-os com a promessa de que a minha vontade de intervir, amaina qualquer outra.  
E medo dos cobardes sem rosto, tem?

Tenho não! Esse medo amig@, não posso ter!

Porque fui educado na Fé que vive, sem temer, NADA!

Porque fui ensinado a acreditar que o futuro desta Nação será de paz, que fará o desenvolvimento atingível e, com alguma serenidade o progresso! Estou escutando no mesmo momento Miguelinho N’simba;

Ami N’simba

Na nha moransa i tem um muntrus

muntrusis bô pudi nturdja kanela di ferro

sta li sintadu na pera bôs…

Ah, ah, ah, disa sin

Ami N’simba i raça banana

Korta nansi, si bu ka kansa, nkana kansa…    

Caminho com vontade de lutar, sem brigar, levando apenas comigo, a sombra do meu próprio pé, transpirando guinendadi.