Calculo
cada passo, por passo, da estrada velha de terra batida, com poeira cortante
que abraça cada pedra, dos lugares. Estou com a cabeça olhando, ontem. Nessa
estrada tem vaca atravessando com o bezerrinho e depois sumindo no meio do
capim. Revejo, tudo!
Mais
uma caminhada, os músculos descomplicam os movimentos, os ossos desentalam a
inércia do esqueleto, conheço bem o chão que me espera. O amanhecer (sol mansi)
só é certeza, porque beija o cacimbo da Guiné, e ficou, enamorado. Sei do que
falo!
O
sol acorda dêscasmurrado, como sempre. A madrugada se despede,
lisonjeiramentando, o dia. O céu, esse, ainda tem marcas da saudade do amasso
da noite, anterior. Andando para a frente, continuo! Chegou o momento de
retomar a caminhada.
Caminho
com vontade de lutar, sem brigar, levando apenas comigo, a sombra do meu próprio
pé transpirando, guinendadi.
Caminho
porque a hora é esta. Porque deixei de acreditar no destino e tampouco na
coincidência. Se estou aqui, agora, neste exato momento, que escrevo, foi
porque assim os irans, deuses, e mais entes da divindade querem e, com a minha
última palavra, concordei por inteiro! Quem escolhe onde nasce?
Se
estou preocupado(?), sim estou! Mas essa preocupação se tornou força! Se
transformou em luta! Se mobilizou para a crença! E tenho uma única certeza, a
vontade de escrever cada manhã, tem a mesma intensidade do saxô lançado na
melodia do “No Agreement” da música do Fela Akuti.
Caminho
com vontade de lutar, sem brigar, levando apenas comigo, a sombra do meu próprio
pé, transpirando guinendadi.
E
se me chamarem para marchar pela, Paz, Unidade e Estabilidade?
VOU!
Vou,
porque tenho medo(?) que os boateiros da nossa praça ganhem, esta batalha!
Vou,
porque tenho medo, aquele natural, que em todos provoca o friozinho na barriga.
Vou,
porque tenho medo, de ficar calado, com o sabor fel do silêncio, sufocando, cada
força e desejo de gritar, apelando a Paz, o entendimento e a liberdade!
Ora,
se me perguntar, e dos homens como vossemecê, tem medo?
Aí
repondo-lho com a maior simplicidade.
JAMAIS!
Perdi
esse medo, quando pela primeira vez encontrei, na estrada de terra batida, a
barbaridade da injustiça. Quando captei pela primeira vez, na estrada deste
chão, quanto é falho as leis criadas pelo mesmo homem (greco-romano), que goza
e gozará sempre da mesma imperfeição, que carrego. Sem falar da lei deixada
pelo luso, que no fado encontrou um canto guardado, para plantar a utopia do
absinto.
Os
que me conhecem bem (fora do âmbito virtual) sabem do que falo (escrevo)! E
sossego-os com a promessa de que a minha vontade de intervir, amaina qualquer
outra.
E
medo dos cobardes sem rosto, tem?
Tenho
não! Esse medo amig@, não posso ter!
Porque
fui educado na Fé que vive, sem temer, NADA!
Porque
fui ensinado a acreditar que o futuro desta Nação será de paz, que fará o
desenvolvimento atingível e, com alguma serenidade o progresso! Estou escutando no mesmo momento Miguelinho
N’simba;
Ami
N’simba
Na
nha moransa i tem um muntrus
muntrusis
bô pudi nturdja kanela di ferro
sta
li sintadu na pera bôs…
Ah,
ah, ah, disa sin
Ami
N’simba i raça banana
Korta
nansi, si bu ka kansa, nkana kansa…
Caminho
com vontade de lutar, sem brigar, levando apenas comigo, a sombra do meu próprio
pé, transpirando guinendadi.